sábado, 9 de outubro de 2021

POVOS BÁRBAROS

O nome Bárbaros foi dado por gregos e romanos aos povos vindos do norte, do oeste e do centro da Europa.

Esses tiveram grande influência sobre a Europa, pois mesclaram seus costumes com os do Império Romano.

 

Origem

O termo "bárbaro" não deriva de um grupo cultural específico e foi usado por gregos e romanos para descrever culturas que eles julgavam primitivas e que baseavam as conquistas mais pela força física do que pelo intelecto.

Essa visão, ligada à violência, foi estendida pelos romanos que passaram a nomear "bárbaros" os povos que não partilhavam de sua cultura, língua e costumes. Ainda assim, os romanos consideraram essas tribos como guerreiros destemidos e corajosos.

Hoje, o termo "bárbaro" é aplicado para descrever quem se utiliza de violência em excesso sem refletir em seus atos e prejudica, assim, aos demais cidadãos.

 

Os Bárbaros e o Império Romano

O Império Romano se espalhava pela Europa e pela África do Norte, conquistando várias tribos e povos. Alguns destes lutaram de maneira violenta contra o exército romano, que passou a classificá-los como bárbaros.

Nem sempre, contudo, romanos e bárbaros estiveram guerreando. Por volta dos séculos IV d.C. e V d.C., várias tribos foram incorporadas ao Império como federados e os romanos arregimentavam jovens soldados góticos e vândalos para seu exército.

Por isso, várias tribos puderam se estabelecer dentro das fronteiras do Império Romano.

Reinos BárbarosOs reinos bárbaros ocuparam gradativamente o território do Império Romano do Ocidente

 

Godos

Os godos eram uma tribo germânica oriental que se originou na Escandinávia. Eles migraram para o sul e conquistaram parte do Império Romano e eram um povo temido, cujos prisioneiros eram sacrificados ao seu deus da guerra, Tyr.

Uma força de godos realizou o primeiro ataque ao Império Romano em 263, na Macedônia. Também atacaram a Grécia e Ásia, mas foram derrotados um ano mais tarde e levados de volta à sua terra de origem pelo rio Danúbio.

Este povo foi dividido pelos autores romanos em dois ramos: os ostrogodos (godos do leste) e os visigodos (godos do oeste). Os primeiros ocupariam a Península Itálica e Balcãs, enquanto os últimos ocupariam a Península Ibérica.

 

Hunos

Povos Bárbaros HunosO Papa Leão Magno impede que o rei Átila invada Roma

Os hunos eram um povo nômade, oriundo da Ásia Central, que invadiu a Europa e construiu um enorme império. Eles derrotaram os ostrogodos e visigodos e conseguiram chegar à fronteira do Império Romano.

Eram um povo temido por toda a Europa como guerreiros exemplares, especializados no tiro com arco e equitação, e imprevisíveis em batalha.

O único líder que conseguiu unificá-los foi Átila, o Huno ou o Rei dos Hunos, e viveu entre 406 e 453. Reinou sobre a Europa Central e seu império se estendeu para o Mar Negro, Rio Danúbio e Mar Báltico.

Foi um dos mais terríveis inimigos do Império romano do Oriente e do Ocidente. Invadiu duas vezes os Balcãs e chegou a sitiar Constantinopla na segunda invasão.

Ao chegar às portas de Roma, o papa Leão I (400-461) o convenceu de não se apoderar da cidade e Átila retrocedeu com seu exército.

Invadiu a França, mas foi repelido na altura da atual cidade de Orleans. Apesar de Átila não ter deixado um legado significativo, tornou-se uma das figuras mais lendárias da Europa, sendo conhecido na história ocidental como o "Flagelo de Deus".

 

Magiares

Os magiares são um grupo étnico originário da Hungria e áreas vizinhas. Situavam-se a leste dos Montes Urais, na Sibéria, onde caçavam e pescavam. Na região, ainda criavam cavalos e desenvolveram técnicas de equitação.

Migraram para o sul e para o oeste e, em 896, sob a liderança do príncipe Árpad (850-907), os magiares atravessaram as Montanhas dos Cárpatos para entrar na Bacia dos Cárpatos.

 

Pictos

Os pictos eram tribos que viviam em Caledônia, região que hoje é parte da Escócia ao norte do rio Forth. Pouco se sabe sobre este povo, mas é provável que compartilhassem alguns deuses com os celtas.

Viviam ao norte do Muro de Antonino e durante a ocupação romana da Grã-Bretanha, os pictos foram continuamente atacados.

Sua conversão ao cristianismo ocorre no século VI, através da pregação de São Columba (521-591).

 

Vândalos

Os Vândalos eram uma tribo germânica oriental que entrou no final do Império Romano durante o século V.

Viajaram pela Europa até que encontraram a resistência dos francos. Embora tenham saído vitoriosos, 20 mil vândalos morreram na batalha e então, cruzaram o rio Reno, invadindo a Gália onde conseguiram controlar as possessões romanas no norte deste território.

Saqueavam os povos que encontravam em seu caminho e seguiram para o sul através da Aquitânia. Desta maneira, cruzaram os Pirineus e se dirigiram para a Península Ibérica. Ali se estabeleceram em várias partes da Espanha, como a Andaluzia, no sul, onde se fixaram antes partir para a África.

Em 455, os vândalos atacaram e tomaram Roma. Saquearam a cidade por duas semanas, partindo com inúmeros objetos de valor. O termo "vandalismo" sobrevive como um legado desta pilhagem.

 

Suevos

Mais uma tribo originária da atual Alemanha, mais precisamente da cidade Stuttgart. Sem condições de fazer frente a tantas batalhas, os romanos são derrotados e entregam a região da Galícia (parte da Espanha, mas também de Portugal) aos suevos.

Apesar da resistência dos lusitanos, os suevos se estabelecem um reino a partir de 411 e fazem da cidade de Braga, em Portugal, sua capital. Serão cristianizados na segunda metade do século VI, quando governava o rei Teodomiro (falecido em 570)

Em 585, os visigodos os derrotam e os suevos tornam-se vassalos do reino visigodo que tinha sua sede em Toledo.

 

Francos

A Conversão de ClovisA Conversão de Clovis, rei dos Francos, inaugurou uma era de união entre a Igreja e o reino

Por cerca de 500 anos d.C. os francos governaram o norte da França, que recebeu este nome por causa desta tribo.

A região foi governada entre 481 e 511 por Clóvis I (466-511), casado com a princesa católica Clotilde de Borgonha (475-545). Sob influência desta, Clóvis I se converteu ao cristianismo e, como era costume na época, obrigou seus súditos a segui-lo.

A conversão do soberano foi um passo para a união entre os francos e os romano-gauleses e a França se tornou o primeiro reino cristão após a Queda de Roma.

Em 507, Clóvis I emitiu um conjunto de leis que, entre outras determinações, colocava Paris como capital da França. Ao morrer, tinha vários descendentes que dividiram o reino entre si.

 

Bárbaros na Espanha

Até o início do século V, o Império Romano estava desmoronando pela invasão dos povos bárbaros. Em 409 d.C., alanos, vândalos e suevos ocuparam a maior parte da Espanha.

Um dos chamados povos germânicos, os visigodos, aliaram-se aos romanos.

Em 416-418, os visigodos invadiram a Espanha e derrotaram os alanos e, em seguida, foram para a França. Os vândalos absorveram os remanescentes dos alanos e, em 429 atravessaram para o Norte da África, deixando a Espanha para os suevos.

A maior parte do território que formava a Espanha caiu sob o domínio dos visigodos em 456, quando o rei visigodo Teodorico II (453-466) liderou o exército e derrotou os suevos.

Uma pequena parte localizada ao nordeste espanhol permaneceu sob controle romano, mas foi dominada pelos visigodos em 476.

Antigas cidades que estavam sob o domínio romano começaram a cair diante das investidas dos visigodos e em 589, o rei Recaredo I (559 - 601) converteu-se ao catolicismo romano e assim, unificou os hispanos-romanos e os visigodos que viviam ali.

Posteriormente, em 654, o rei Recesvinto (falecido em 672) elaborou um código único para seu reino.

As disputas internas entre os visigodos fragilizavam o reino, que pereceu diante dos mouros. O reino visigodo foi destruído pela invasão muçulmana em 19 de julho de 711.

 

Bárbaros na Itália

No século V, a queda do Império Romano deixou a Itália fragmentada. Entre 409 e 407, os povos germânicos invadiram a Gália e em 407, o exército romano deixou a Grã-Bretanha.

Três anos depois, Alarico I, o Gótico (370?-410) foi capturado em Roma, mas o império não caiu.

A derrocada foi marcada entre 429 e 430, quando vândalos cruzaram a Espanha a partir do Norte da África, o que foi fundamental para a queda dos romanos.

Em 455, Roma foi saqueada pelos vândalos e o último imperador romano, Rômulo Augusto (461-500?) foi destronado em 476.

Desta maneira, o germânico Odoacro (433?-493) proclamou-se rei da Itália. Odoacro realizou várias reformas administrativas e conseguiu dominar toda a península.

A convivência pacífica entre germânicos e romanos permaneceu também sob o reino de Teodorico (454-526), sucessor de Odoacro.

O Império Romano, porém, sobreviveu no Oriente e passou a ser denominado Império Bizantino.

 

Bárbaros na Inglaterra

Saxões, anglos, vikings, dinamarqueses vindos da Escandinávia, iniciaram as invasões à Grã-Bretanha, no século III e por volta do século V, aproveitando-se das invasões aconteciam na Península Itálica.

As ilhas britânicas eram ocupadas pelos celtas e pictos e sempre foram complicadas para serem defendidas, por conta da sua distância. Por isso, os romanos lançaram mão de contratar mercenários entre os povos germânicos confederados, prática bastante comum nesta época.

Desta maneira, mais e mais povos bárbaros chegavam às ilhas, derrotavam o rei local e aproveitavam para se estabelecer.

Os celtas continuaram a lutar contra os anglo-saxões, mas são derrotados. Igualmente, sua religião e costumes são absorvidos gradualmente através da cristianização das ilhas britânicas. Esses fatos acabaram sendo o tema para os contos do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

 

Escrito por Juliana Bezerra em:  https://www.todamateria.com.br/povos-barbaros/

sábado, 2 de outubro de 2021

A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

Dentre as causas da queda do Império Romano estão: disputas internas pelo poder, invasões bárbaras, divisão entre o Ocidente e o Oriente, a crise econômica e o crescimento do cristianismo.

Oficialmente, o Império Romano do Ocidente termina em 476 d.C., quando o Imperador Rômulo Augusto é obrigado a abdicar em favor de Odoacro, chefe militar de origem germânica.

A capital do Império, Roma, também sofreu as consequências da decadência. Foi saqueada pelas tropas de Alarico, em 410, e posteriormente, seria invadida por vândalos (455) e ostrogodos (546).

 

PRINCIPAIS CAUSAS DO FIM DO IMPÉRIO ROMANO

Vejamos alguns motivos que levaram ao declínio e ao fim do Império Romano.

1. Disputas internas

O regime de governo de Roma mudou de República para Império com Júlio César, no séc. I a.C. No entanto, apesar de ter se proclamado imperador, César manteve algumas instituições da República como o Senado.

Nem todos os imperadores, porém, respeitaram o poder dos senadores. Isso acabou por gerar mais atritos entre a classe política e os militares.

À medida que o Império se expandia, ficava cada vez mais difícil controlar os generais e os governadores das províncias. Não devemos esquecer que o Império Romano chegou a ter 10.000 km de extensão, com territórios no norte da África, Oriente Médio e Europa central.

Assim, com um ótimo exército nas mãos, alguns generais se rebelaram contra o poder central, mergulhando o Império em guerras civis.

2. Invasões bárbaras

Os “bárbaros” eram aqueles povos, fora do território imperial, que os romanos não conseguiram derrotar e ocupar as terras. Alguns deles, contudo, participavam das batalhas junto ao exército romano, e outros chegaram a integrar o próprio exército imperial.

Devido às disputas internas e a crise econômica, o exército romano perdeu muito da sua eficiência. Assim, os bárbaros conseguiram derrotá-lo e expandir seu território pouco a pouco.

Os chefes bárbaros, entretanto, faziam questão de conservar várias instituições romanas e muitos se convertiam ao cristianismo, a fim de poder serem aceitos pelos antigos romanos.

É interessante notar que os bárbaros acreditavam que eram os herdeiros do Império Romano e não seus destruidores.

3. Divisão entre Ocidente e Oriente

Uma das medidas tomadas para melhorar a administração imperial foi dividir o Império Romano em duas partes, por volta do ano 300 d.C. A parte Ocidental teria como capital Roma; enquanto a Oriental, a sede seria em Bizâncio.

Durante o reinado do Imperador Constantino, a cidade de Bizâncio passou a se denominar Constantinopla e mais tarde, com o domínio muçulmano, foi chamada de Istambul.

A divisão se revelou um fracasso, pois acentuou as diferenças culturais e políticas já existentes entre as duas regiões.

O Império Romano do Ocidente mergulha na decadência, sem conseguir conter as invasões bárbaras e as brigas internas. A Queda de Roma, saqueada pelos povos "bárbaros", em 410, revela o quanto os romanos já não controlavam seus domínios.

Já a parte do Oriente continuou como território unificado até 1453.

4. Crise econômica

O crescimento econômico de Roma se baseava nas guerras de expansão, na capacidade de capturar pessoas para escravizá-las e, finalmente, de comercializar.

A partir do momento que não havia mais como expandir seu território, também não era possível escravizar seres humanos.

Deste modo, sem a mão de obra barata dos escravos, a economia começa a declinar. Por sua parte, o dinheiro para fazer as guerras e pagar os soldados, escasseia. Uma das medidas para conter a crise econômica é fazer uma moeda de menor valor para pagar as tropas.

A solução acaba gerando inflação e a moeda romana se desvaloriza, aumentando a crise no Império.

5. Crescimento do cristianismo

O surgimento do cristianismo, uma religião monoteísta, aumentou a crise de identidade pela qual passava o Império Romano.

Os cristãos foram considerados ilegais até o em 313 d.C. o Édito de Milão, quando o Imperador Constantino decretou o fim da perseguição. Isso não significou a paz imediata, pois outros imperadores tentaram restaurar as práticas pagãs.

Esta luta entre o paganismo e o cristianismo desgastava internamente a sociedade e o governo romanos, que já se encontravam bem divididos.


Escrito por Juliana Bezerra em: A Queda do Império Romano: causas, como e quando caiu Roma - Toda Matéria (todamateria.com.br)



segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A CIVILIZAÇÃO ROMANA

A civilização romana tem origem com a expansão e consolidação do poder de Roma sobre a Península Itálica e os territórios vizinhos.

Origem

A civilização romana, que começou a desenvolver-se na região do Lácio, na Península Itálica, por volta de 750 a.C., organizava-se em dois grupos principais: os patrícios e os plebeus. Esses dois grupos tornaram-se a base da sociedade romana. A civilização romana é uma mescla de influências de culturas etruscas, gregas e orientais. Se os gregos se destacaram pela filosofia e os egípcios por sua arquitetura, podemos dizer que os romanos se sobressaíram por construir um Império que durou mil anos.

Assim, organizaram um sistema de comunicação, de transporte e de leis que pôde ser reproduzido em todos os cantos do Império Romano. Os romanos souberam se apropriar de vários aspectos dos povos que conquistavam e romanizá-los.

Aliás, a arte da guerra, como expressou o poeta Virgílio, na sua obra Eneida, parecia ser o objetivo dos romanos:

Lembra-te romano de submeter os povos a teu império. Tua missão é de impor as condições de paz, poupar os vencidos e abater os soberbos.

Política

A organização política da civilização romana foi mudando conforme as conquistas territoriais aconteciam e a população crescia. Distinguimos três fases:

Monarquia: durou de 753 a.C a 509 a.C. É um período envolto em lenda e com pouca documentação.

República Romana: a primeira experiência republicana da história,

Império Romano: quando a civilização alcançou seu máximo esplendor.

 

Sociedade

Os patrícios formavam a elite da sociedade romana e descendiam dos antigos clãs fundadores da cidade, daí derivou a expressão “patrício”, de patres-famílias. A estrutura do governo romano foi durante a maior parte de sua existência ocupada inteiramente ou majoritariamente pelos patrícios. Nos cargos republicanos, sobretudo no Consulado e no Senado, encontravam-se os patrícios mais ilustres. Além disso, os patrícios eram grandes detentores de terras cultiváveis, de onde tiravam sua principal riqueza.

A plebe, ou os plebeus, compunha-se de pessoas que não descendiam dos patres-famílias e que não faziam parte da atividade política. Geralmente os membros da plebe eram pequenos proprietários, comerciantes ou artesãos. A falta de representatividade política dos plebeus desencadeou, posteriormente, uma série de tensões e crises na sociedade romana.

Além de patrícios e plebeus, pertenciam aos membros da sociedade romana os clientes, que eram protegidos pelos patrícios em troca de serviços variados. A sociedade romana ainda tinha em seu corpo a presença dos escravos, que eram considerados bens de posse de quem os comprava ou os capturava, sendo desprovidos de quaisquer direitos em meio à sociedade romana. Os escravos geralmente eram povos estrangeiros capturados em outras regiões como prisioneiros de guerra ou membros da sociedade que contraíam dívidas e, por isso, tornavam-se escravos de quem estavam devendo.

Além da plebe e dos escravos, ainda havia o proletariado, isto é, os proletarii, pessoas cuja característica principal era gerar prole (filhos) – daí a origem do termo proletariado. Essa prole, geralmente, compunha o exército. Vale ressaltar que não se deve confundir o proletariado romano com aquele caracterizado por Karl Marx no século XIX.

 

Economia

A economia romana baseava-se na agricultura, no comércio entre a distintas províncias, nas conquistas territoriais para alimentar a população e na escravidão.

Os romanos também desenvolveram uma eficiente arrecadação de impostos que deveriam ser entregues à capital diretamente. Com o tempo, isto foi gerando corrupção, pois era comum os governadores das províncias sonegarem certas quantidades de dinheiro ao governo central.

Arte

Herdeiros da arte grega, os romanos espalharam suas esculturas, pinturas e mosaicos por todo território que conquistavam.

Igualmente, construíam teatros onde podiam ser representadas peças que serviam para instruir e divertir a população. Também faziam termas, praças e mercados a fim de dar mais comodidades aos habitantes.

Em algumas cidades eram levantadas arenas para jogos de gladiadores, recriações de batalhas, e lutas entre homens e animais selvagens.

 

Arquitetura

Os romanos abastados prezavam pelo conforto e, geralmente, nas casas dos patrícios havia água encanada. Se o rio não estivesse perto da cidade, um aqueduto era levantado para trazer água à população que a recolhia nas fontes instaladas na cidade.

As colunas romanas também se tornaram uma marca registrada desta cultura e estavam presentes nos fóruns e templos.

Religião

Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Grande parte dessas divindades foi trazida do panteão grego. Assim, Afrodite se transformou em Vênus, Ares virou Martes, Hera – esposa de Zeus - foi chamada de Juno pelos romanos, e o todo-poderoso Zeus grego, se converteu em Júpiter.

Além disso, ainda haviam os deuses domésticos que eram cultuados por uma família. Com a restauração do Império, os governantes mais importantes eram declarados deuses pelo Senado e seu culto podia se estender por todo o território romano.

Direito

O direito romano inspirou boa parte do Direito Ocidental tal como o conhecemos hoje.

Assim como a política e a economia, o Direito Romano acompanhou a evolução da sociedade. Soube incorporar as novas populações ao Império Romano, proteger a propriedade privada, definir os deveres da família, limitar o poder de atuação dos magistrados, etc.

Uma das inovações romanas em relação aos gregos e aos povos vizinhos foi a sistematização das leis e o aparecimento de uma classe de juristas profissionais. Desta maneira, os magistrados romanos deviam conhecer e estar aptos a aplicar essas mesmas leis. Os gregos, por exemplo, nunca trataram as leis como uma ciência isolada da filosofia.

Civilização Romana Hoje

Apesar de ter desaparecido como civilização, o fato é que o mundo Ocidental é herdeiro direto da civilização romana.

Podemos ver esta influência nos aspectos mais cotidianos como as artes e arquitetura. Inclusive em provérbios até hoje compreensíveis para nós que estamos no século XXI.

 

Disponível em: https://www.todamateria.com.br/civilizacao-romana/ e https://www.historiadomundo.com.br/romana/sociedade-romana.htm

 


terça-feira, 10 de agosto de 2021

LÓGICA

 

A palavra lógica pode denotar tanto um conjunto de regras racionais para a obtenção de um conhecimento quanto a área da filosofia que estuda a validade formal das proposições linguísticas e matemáticas.

A lógica, enquanto propriedade linguística, não se preocupa com a veracidade dos enunciados, mas com a validade formal lógica, ou seja, com a possibilidade de sentido da frase dada por sua estrutura. Se a estrutura de uma frase é correta, isto é, se ela segue um padrão formal correto, podemos dizer que a frase é logicamente válida.

 Na matemática, é a lógica que garante a estrutura formal racional das equações e demais elementos matemáticos que, de algum modo, relacionam-se.

Não podemos dizer que a lógica em si foi criada, mas sim descoberta. Desde que existe racionalidade, a lógica existe. Quem a descobriu foi Aristóteles. As suas criações dizem respeito apenas à nomenclatura que ele deu e ao estudo sistemático daquilo que era a lógica. A lógica aristotélica, também chamada de lógica clássica, sustenta-se com base em princípios racionais e nos silogismos.

 

Onde surgiu e quem é o criador da lógica?

Os estudos de lógica foram iniciados por Aristóteles, entre 384 a.C e 322 a.C., na Grécia Antiga. Esse grande pensador percebeu que a maior distinção entre o ser humano e os demais animais é a linguagem. Ele também notou que há uma estrutura linguística que deve ser obedecida para que os enunciados tenham sentido.

Essas percepções fizeram com que o filósofo formalizasse uma ciência capaz de entender e classificar os elementos que permitem os enunciados linguísticos com sentido e validade, fundando a lógica.


Lógica aristotélica

As investigações de Aristóteles acerca da lógica fizeram-no descobrir que todo o conhecimento válido emitido por enunciados deve respeitar três princípios básicos. São eles:

Princípio da identidade: é o que enuncia as identidades dos seres e das coisas. Por meio do verbo ser, o princípio diz o que certa coisa é. Como exemplo, podemos dizer “A é A”. O verbo ser conjugado na primeira pessoa do singular, destacado em vermelho, é o elemento que denota a identidade do objeto. Para pegar um exemplo mais palpável, podemos dizer “isto é um texto”, indicando que a identidade desse objeto a que nos referimos é a categoria “texto”.

Princípio da não-contradição: este princípio elementar diz que a identidade de algo não pode ser ela mesma e não ser ela ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. A sua formulação pode ser pensada da seguinte maneira: não é possível que algo seja e não seja aquilo que é, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. É impossível que isto seja um texto e não seja um texto ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto.

Princípio do terceiro excluído: algo é ou não é e não há terceira possibilidade. Pensando com base na identidade e na não contradição, podemos afirmar que isto é um texto ou não é um texto, não havendo outra possibilidade. Se isto for um automóvel, por exemplo, deixa de ser um texto, encaixando-se na segunda possibilidade.

Os silogismos são a expressão máxima da lógica aristotélica. Silogismo é uma estrutura linguística dedutiva, baseada em premissas e uma conclusão. Como estrutura dedutiva, o silogismo deve ter uma premissa maior, uma premissa menor e, a partir delas, a conclusão.

 

Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/logica.htm

segunda-feira, 26 de julho de 2021

FIM DA GUERRA FRIA E GLOBALIZAÇÃO

Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial no período de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense, sendo o mundo bipolar ou dualista. Foi um período de rivalidade entre as duas superpotências, quando concorriam entre si por influência internacional, principalmente nos campos militar e econômico. A disputa se dava principalmente entre dois modelos de economia: a norte-americana, marcada pela livre iniciativa, mercado e propriedade privada dos meios de produção, e a soviética, marcada pelo planejamento e controle estatal dos meios de produção e distribuição dos produtos. Nessa ordem, a divisão do mundo era:

Países do Primeiro Mundo ou desenvolvidos: marcados pela industrialização clássica (Primeira e Segunda Revoluções Industriais) e por elevado nível de vida, com baixas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: EUA, Japão, Alemanha Ocidental, …

Países do Segundo Mundo ou socialistas planificados: marcados pelo controle estatal na economia e por regimes autoritários. Exemplos: União Soviética, Cuba, Polônia, China, Alemanha Oriental…

Países do Terceiro Mundo ou subdesenvolvidos: marcados pela colonização de exploração no início do capitalismo, predominando elevadas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: Brasil, Paraguai, África do Sul, Índia, Arábia Saudita…

 

ORDEM MUNDIAL PÓS GUERRA-FRIA

Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais dessa nova ordem.

O processo de Globalização (principal característica da nova ordem mundial que substitui a anterior, criada em 1945) pode ser identificado na ordem política como a passagem para uma ordem política pós-Westfaliana, fazendo referência ao Tratado de Westfália, construído em 1648 e estabeleceu os princípios de soberania dos Estados Nacionais.

Na chamada era da globalização, o próprio conceito de soberania se torna flexível e relativo. O direito internacional, a expansão das empresas multinacionais para vários países além de sua sede e a atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) em várias partes do mundo, suprindo demandas não atendidas pelos governos locais, a difusão de informações em alta velocidade pela internet e páginas internacionais como Facebook e WhatsApp são exemplos de como a noção de soberania se alterou.

Outro aspecto a ser analisado são as transformações no sistema econômico global. A criação de mercados financeiros internacionais, gerando uma nova etapa no sistema capitalista (capitalismo financeiro), mostra-se como uma das principais consequências da nova ordem. Os capitais se movem de um país a outro rapidamente, ignorando fronteiras e governos, visando alcançar a maior lucratividade, muitas vezes a partir de movimentos especulativos. No sistema comercial, observa-se uma tendência à organização dos países em blocos econômicos, com a função principal de unificar os mercados dos países integrantes, como por exemplo a União Europeia e o Mercosul. Por outro lado, acontece uma divisão internacional do trabalho, onde as empresas se aproveitam das condições favoráveis em cada país, criando produtos desenvolvidos em várias partes do mundo. Por exemplo, pode-se extrair matéria prima em determinado lugar, produzir as peças em outro, montar em um terceiro e comercializar em determinado bloco econômico diferente.

Por fim, se percebe um desmanche dos estados de bem estar social pelo mundo. Mesmo na Europa onde os direitos dos trabalhadores estão consolidados já há bastante tempo, estão ocorrendo constantes recuos na disponibilidade de serviços públicos como educação saúde e infra estrutura, ao mesmo tempo que ocorre precarização dos empregos, redução de direitos e enfraquecimento dos movimento trabalhistas, na esteira da ideologia neoliberal (processo de adoção do chamado estado mínimo, reduzindo participação estatal na economia e na prestação de serviços sociais), que visa diminuir impostos e encargos trabalhistas para as empresas multinacionais, a fim de tornar os países mais atrativos para investimentos em capital produtivo ou financeiro.

Dessa forma, é preciso considerar que se de um lado o fim da Guerra Fria gerou uma distensão no conflito ideológico e militar entre duas superpotências rivais, bem como suas consequentes intervenções em países mais pobres, por outro lado gerou uma ordem mundial onde o processo de Globalização parece gerar uma única superpotência invisível, mas poderosa e presente em todas as esferas da vida dos povos do mundo: o mercado.

Nesse sentido, embora ainda estejamos em uma fase inicial deste processo, seus efeitos já são sentidos pelos povos do mundo, como a crise econômica de 2008, que se iniciou nos países ricos e se alastrou rapidamente para o restante do mundo ou crises menores, como as moratórias do México e Rússia nos anos 1990, que afetaram o sistema financeiro internacional com consequências desastrosas, principalmente no câmbio. 

Cabe, portanto, uma reflexão sobre os pontos positivos e negativos deste processo, a fim de que os governos do mundo adotem posturas não de isolamento, mas de proteção aos seus interesses nacionais, principalmente das classes menos abastadas.

O mundo pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos.

A nova ordem mundial, portanto, estabeleceu-se a partir da crise do socialismo real (Segundo Mundo), que teve como ápice a queda do Muro de Berlim e a unificação das Alemanhas sob a economia capitalista de mercado e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em quinze novos países que passaram, então, por um processo de transição para o capitalismo.

Esses acontecimentos cruciais ao Segundo Mundo representaram o momento de transição do socialismo real (representado pelo Estado totalitário e pela economia planificada) para a economia capitalista em quase todos os países socialistas. Desaparece, portanto, a estrutura bipolar da ordem da Guerra Fria e inicia-se uma nova ordem sob a hegemonia do capitalismo.

Nesse mundo pós-Guerra fria, surge uma famosa polêmica: mundo monopolar ou multipolar.

A ordem pós-Guerra fria é monopolar para aqueles que acreditam na supremacia militar, ou seja, os EUA como superpotência militar única e, portanto, hegemônica. A argumentação ganhou reforço após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando os EUA atacaram o Afeganistão (2001/2002) e o Iraque (2003), alegando uma ofensiva contra o terrorismo mundial (“eixo do mal”).

Para a maioria dos intelectuais, a ordem pós-Guerra fria é multipolar, tomando como referencial o fator econômico, enfatizando três grandes centros de poder: EUA, Japão e União Europeia. A argumentação reforça-se com o aumento da participação da China no comércio mundial.

O mapa mostra uma proposta de divisão do mundo de acordo com a Nova Ordem Mundial: o Norte, formado pelos países ricos ou desenvolvidos, e o Sul, composto de nações pobres ou subdesenvolvidas.

Essa proposta não obedece a um critério de posição geográfica, pois, cartograficamente, a divisão em hemisférios, feita pela linha do Equador, não é levada em conta.

O bloco Norte caracteriza-se pela predominância de países industrializados, com elevada urbanização, elevado produto interno bruto e boas condições de vida da população.

Já o bloco Sul seria composto de nações mais pobres, em sua maior parte não-industrializadas, com baixa urbanização e base econômica agro mineradora. Dentro desse grupo, podemos destacar algumas subdivisões, isto é, países industrializados, países agro mineradores e países marginalizados ou excluídos.

Autoria: Marcelo Augusto Malheiros EM: https://www.coladaweb.com/geografia/o-mundo-pos-guerra-fria e https://www.brasil247.com/blog/fim-da-guerra-fria-e-a-globalizacao-parte-3-wueu10k9

sexta-feira, 23 de julho de 2021

NOVA REPÚBLICA

 

É denominado "Nova República" na história do Brasil, o período imediatamente posterior ao Regime Militar, época de exceção das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do poder. É exatamente pela repressão do período anterior que afloram, de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma nova fase do governo republicano no país, com eleições diretas, além de uma nova constituição que contemplasse as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também como a Sexta República Brasileira.

A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou não sendo aprovada.

O cidadão brasileiro voltaria a se decepcionar logo no início da Nova República com a morte do presidente eleito em 1985, Tancredo Neves. Mesmo eleito indiretamente, este tinha participado da campanha das Diretas-Já e tinha o apoio popular, o que significava que nele estavam depositadas as esperanças de plena redemocratização do país. O seu vice, José Sarney, político recém-chegado ao PMDB, depois de ter passado pelo partido da situação no Regime Militar, a ARENA (e depois PDS) coube o cargo de presidente, no qual os dois mais importantes pontos foram a aproximação com a Argentina, o que resultaria pouco depois na formação do Mercosul e na promulgação da nova Constituição democrática, de outubro de 1988. Já na economia e política seu governo foi um fracasso, com vários planos que não conseguiram conter a inflação, constante troca de moeda e denúncias de corrupção.

Após o mandato de Sarney, as primeiras eleições diretas ocorrem em quase trinta anos, sendo eleito Fernando Collor de Mello. Com um estilo moderno e discurso moralizante, elabora um plano econômico peculiar para acabar com a inflação e que resulta em mais um fracasso. Logo mais dois planos paliativos se seguem, mas as denúncias de corrupção "afogam" o presidente, que é obrigado a renunciar em 1992 para não ser impedido pelo Congresso.

O próximo presidente da Nova República é mais uma vez um vice, o mineiro Itamar Franco, que sobe ao poder com a incumbência de completar o mandato de Collor. Após algumas escolhas pouco bem sucedidas para a pasta da Fazenda (Economia), o presidente escolhe o senador Fernando Henrique Cardoso, que com seu aval irá elaborar o Plano Real, que após décadas de inflação, consegue finalmente debelar a alta de preços, seguindo até os dias de hoje como parâmetro na condução da economia.

Com o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique terá a popularidade necessária para garantir dois mandatos nas urnas. Gradualmente o Brasil, esquivando-se das sucessivas crises mundiais econômicas que surgem, vai seguindo um curso de progresso e desenvolvimento.

Em 2003, ante a percepção de que Fernando Henrique e seu partido de certo modo se acomodaram no poder, o PT, com Luís Inácio Lula da Silva, terá dois mandatos para mostrar seu projeto para o Brasil. Destacam-se a política externa, que se aproximou da África e da América Latina, além dos programas de auxílio à população carente, enquanto o governo opta por manter as conquistas econômicas do Plano Real, gerindo seu crescimento. Pela primeira vez, o Brasil irá quitar suas dívidas no plano externo, passando a ser até mesmo credor internacional, inclusive da grande potência mundial, os Estados Unidos.

Com a percepção de que seus dois mandatos foram um sucesso, o povo garante a Lula e ao PT a eleição de sua candidata, Dilma Rousseff, em 2010. Entretanto, o Governo de Dilma enfrentou grande insatisfação popular. Em 2016, Dilma sofreu Impeachment por crime de responsabilidade.

Bibliografia:
Nova República. Disponível em: http://ayoshiharu.vilabol.uol.com.br/nova_republica.html .Acesso em 26 jul. de 2011.

 

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

QUARTA REPÚBLICA

A Quarta República foi um período regido pela nova Constituição promulgada em 1946. A nova Constituição do Brasil foi elaborada após a formação de uma Constituinte nas eleições de 1945. Com a posse do presidente eleito, Eurico Gaspar Dutra, a Constituinte reuniu-se durante meses até a promulgação da nova Constituição em 18 de setembro de 1946.

A Constituição de 1946 exprimia os valores ideológicos dos políticos eleitos em 1945 e era, portanto, uma Constituição liberal. Em relação às questões democráticas, a Constituição trouxe melhorias consideráveis, pois retomou valores que haviam sido suprimidos no Estado Novo e aumentou significativamente o número de eleitores no Brasil, já que definiu que homens e mulheres maiores de 18 anos tinham direito ao voto.

A Constituição, no entanto, tinha seus pontos negativos. Um deles era a exclusão dos analfabetos do direito de votar, o qual só foi obtido em 1988. Além disso, a Constituição não concedeu aos trabalhadores rurais os direitos trabalhistas obtidos nos anos anteriores pelos trabalhadores urbanos. Além disso, uma cláusula referente à reforma agrária em particular foi alvo de intensos debates anos depois.

 

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DA QUARTA REPÚBLICA

Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)

Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente pela chapa PSD/PTB, derrotando Eduardo Gomes, da UDN, e Iedo Fiúza, do PCB. Dutra elegeu-se escorando no apoio tímido que lhe foi dado por Getúlio Vargas e também em virtude de deslizes cometidos por seu principal adversário, Eduardo Gomes. Dutra assumiu a presidência em 31 de janeiro de 1946, anunciando que seria “o presidente de todos os brasileiros”1.

Em relação à economia, destacaram-se em seu governo dois momentos distintos: no primeiro, foi aplicada uma política econômica liberal que, depois de queimar as reservas cambiais do país, foi substituída por uma política intervencionista que resultou em grande crescimento econômico. Em questões de política externa, o país aliou-se incondicionalmente aos Estados Unidos.

Em decorrência dessa aliança, o governo rompeu relações diplomáticas com a União Soviética e passou a perseguir fortemente sindicatos, organizações de trabalhadores e partidos de esquerda. Com isso, o PCB foi colocado na ilegalidade, e seus políticos foram cassados.

 

Getúlio Vargas (1951-1954)

Getúlio Vargas retornou à presidência do Brasil após vencer as eleições de 1950, quando derrotou o udenista Eduardo Gomes e o candidato do PSD Cristiano Machado. O segundo governo de Vargas ficou marcado por uma forte crise política que abalou a sustentação de seu governo e por inúmeras polêmicas em torno da política econômica adotada.

Economicamente, Getúlio Vargas alinhava-se a uma postura mais nacionalista, sobretudo na exploração dos recursos nacionais. Nessa questão, destaca-se a polêmica em torno da criação da Petrobras, em 1953, após uma extensa campanha popular que tinha como lema “o petróleo é nosso”. A criação dessa estatal, que monopolizava a exploração do petróleo no Brasil, desagradou fortemente certos grupos da política brasileira alinhados com interesses estrangeiros.

A postura de intervenção do Estado na economia era outra questão que incomodava bastante. Essas polêmicas fortaleceram o antigetulismo no Brasil, e Vargas teve de lidar com denúncias frequentes de corrupção e de tentativas de implantar uma ditadura sindicalista no país.

Vargas também teve de lidar com a insatisfação popular por conta da alta da inflação, que destruía o poder de compra do trabalhador. A resposta de Vargas foi a nomeação de João Goulart, político gaúcho com alto poder de negociação com os sindicatos, para o Ministério do Trabalho e a aprovação da proposta de aumentar em 100% o salário mínimo.

Isso gerou profunda insatisfação nos militares, que criticavam incisivamente Vargas, e nos udenistas. Um dos maiores nomes do antigetulismo foi Carlos Lacerda, jornalista e dono do Tribuna da Imprensa. Esse jornalista foi, inclusive, o pivô da crise final do governo Vargas.

Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi atacado na porta de sua casa, na Rua Tonelero, em Copacabana, Rio de Janeiro. As investigações descobriram que Gregório Fortunato, chefe de segurança do palácio presidencial, havia sido o mandante do crime. Vargas passou a ser bombardeados por pedidos de renúncia até que, em 24 de agosto de 1954, cometeu suicídio no Palácio do Catete.

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

A posse de Juscelino à presidência do Brasil só foi possível graças ao esforço de Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra que organizou o Golpe Preventivo de 1955, o qual acabou com qualquer possibilidade de golpe contra o político mineiro. Essa ação foi tomada pelo fato de terem acontecido, entre 1954 e 1955, movimentações golpistas para impedir a realização da eleição de 1955 e para impedir a posse de JK.

Juscelino Kubitschek, vinculado à chapa PSD/PTB, foi eleito presidente após derrotar seus adversários: Juarez Távora, da UDN, e Ademar de Barros, do PSP. Seu governo ficou marcado pelo desenvolvimentismo, ou seja, por posturas econômicas que buscavam o crescimento da economia e da indústria no país. Para alcançar esse desenvolvimento, foi criado o Plano de Metas, que estipulava investimentos em áreas cruciais do país, como energia e transporte.

O resultado dos cinco anos de governo de JK na economia foi um crescimento anual médio do PIB de 7% e um crescimento industrial de 80%. Outro destaque desse governo foi a construção da nova capital, Brasília. A obra aconteceu em tempo recorde e envolveu um montante gigantesco de dinheiro.

Apesar dos resultados positivos, esse governo também ficou marcado pelo crescimento da desigualdade social no país e por problemas graves, como o baixo investimento na educação e na alimentação, que permaneceram como gargalos da nossa sociedade.

Jânio Quadros (1961)

Jânio Quadros foi o primeiro e único político que a UDN conseguiu eleger no país durante a Quarta República. Foi escolhido como candidato do partido por indicação de Carlos Lacerda, líder do conservadorismo no país. Na eleição presidencial de 1960, Jânio Quadros derrotou Henrique Teixeira Lott, da chapa PSD/PTB, e Ademar de Barros, do PSP.

O governo de Jânio foi curto, com duração de quase sete meses. Nesse período, o presidente acumulou polêmicas com a população e com seu partido, a UDN. Na economia tomou medidas que aumentaram o preço dos combustíveis e do pão. Outras medidas polêmicas foram a proibição do uso de biquíni e a condecoração de Che Guevara, líder da luta revolucionária na América.

Esse último fato enfureceu seu partido, que era ideologicamente conservador, isolando politicamente o presidente. A saída encontrada por Jânio foi renunciar à presidência no dia 25 de agosto de 1961. Sua renúncia é interpreta pelos historiadores como uma tentativa fracassada de autogolpe. Dessa forma, o país foi jogado em uma crise política sobre a sucessão presidencial.

João Goulart (1961-1964)

O governo de Jango (apelido de João Goulart) foi um dos mais atribulados da história do país. Sua posse aconteceu em meio a uma campanha política conhecida como “campanha da legalidade”, a qual defendia que Jango, vice de Jânio, fosse empossado presidente do Brasil. A luta entre legalistas e golpistas quase arrastou o país para uma guerra civil.

Jango assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961 em um regime parlamentarista. Apesar de os poderes políticos presidenciais estarem minados pelo parlamentarismo, a partir de janeiro de 1963, o presidencialismo teve seus poderes recuperados por meio de um plebiscito votado pela população.

Assim, Jango teve poderes para tentar implantar a Reforma de Base, um conjunto de reformas estruturais em áreas vitais do país, como sistemas tributário e eleitoral, ocupação urbana, etc. A reforma agrária e a forma como ela seria conduzida no país representaram o grande debate das Reformas de Base, o qual desgastou e isolou politicamente João Goulart. Em virtude disso, seu partido, o PTB, perdeu o apoio do PSD, que se bandeou para o lado dos udenistas.

Enquanto as tentativas de reforma eram debatidas, organizava-se secretamente no país um golpe contra o presidente. Essa conspiração contava com a participação de militares, civis e, principalmente, do grande empresariado.

Essa conspiração golpista recebeu apoio financeiro dos EUA, que inclusive injetou dinheiro em candidaturas conservadoras na eleição de 1962. Formaram-se, então, dois grupos que passaram a organizar o golpe e a difundir um discurso para desestruturar a base do governo com a população: o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e o Ipes (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais).

 

EM 1964, DOIS MOMENTOS-CHAVE ACONTECERAM:

Em 13 de março de 1964, o presidente realizou o discurso da Central do Brasil, no qual reassumiu seu compromisso em realizar, a todo custo, as Reformas de Base.

Em 19 de março de 1964, em São Paulo, aconteceu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma resposta ao discurso de Jango. Esse evento evidenciou a existência de uma parcela numerosa do país que se alinhava às pautas conservadoras e lutava contra o governo.

A continuidade desse processo levou, a partir de 31 de março de 1964, à conspiração para a ação do golpe. Entre 31 de março e 2 de abril, tropas militares realizaram as movimentações necessárias para ocupar pontos-chave do país. No dia 2 de abril, o então presidente do Senado, Auro de Moura, declarou vaga a presidência do Brasil, consolidando, assim, o golpe contra a democracia e contra João Goulart. Em 9 de abril foi decretado o AI -1. No dia 15, Humberto Castelo Branco assumiu como primeiro “presidente” da Ditadura Militar.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-populista-1945-1964.htm

terça-feira, 13 de julho de 2021

RENÉ DESCARTES - PENSO, LOGO EXISTO

 

René Descartes (1596 – 1650), considerado o fundador da filosofia moderna, chegou a conclusão desta célebre frase enquanto buscava traçar uma metodologia para definir o que seria o “verdadeiro conhecimento”.

O filósofo e matemático desejava obter o conhecimento absoluto, irrefutável e inquestionável.

Mesmo tendo frequentado as melhores universidades da Europa, Descartes achava que não tinha aprendido nada de substancial (com exceção da matemática) em seus estudos.

Todas as teorias científicas acabavam por ser refutáveis e substituídas por outras, não havia nenhuma certeza verdadeira além da dúvida. Descartes, então, passou a duvidar de tudo, inclusive da sua própria existência e do mundo que o rodeava.

No entanto, Descartes encontrou algo que não poderia duvidar: da dúvida. De acordo com o pensamento do filósofo, ao duvidar de algo já estaria pensando e, por estar duvidando, logo pensando, estaria existindo. Descartes entendeu que ao duvidar, estava pensando, e por estar pensando, ele existia. Desta forma, a sua existência foi a primeira verdade irrefutável que ele encontrou.

Assim, Descartes publicou em seu livro “O Discurso do Método”, publicado em 1637, o resumo de seu pensamento na frase: “je pense, donc je suis” (publicação original em francês), que depois foi traduzida para o latim Ego cogito, ergo sum sive existo. Apesar disso, em latim esta frase é traduzida apenas como cogito ergo sum.

A frase de Descartes é o resumo de seu pensamento filosófico e do seu método. Ele demonstra rapidamente no seu livro Discurso do Método como chegou na oração penso, logo existo. Para o filósofo, tudo começa com a dúvida hiperbólica, duvidar de tudo, não aceitar nenhuma verdade absoluta é o primeiro passo.

Descartes ambiciona em suas meditações encontrar a verdade e estabelecer o conhecimento em bases sólidas. Para isso, ele precisa rejeitar qualquer coisa que levante o menor questionamento, isso leva à dúvida absoluta sobre tudo. Descartes expõe o que pode causar dúvidas.

Aquilo que se apresenta aos sentidos pode gerar dúvidas, já que os sentidos às vezes nos enganam. Também não se pode confiar nos sonhos pois eles não se baseiam em coisas reais. Por último, em relação aos paradigmas matemáticos, apesar de ser uma ciência "exata", ele deve negar tudo aquilo que se apresenta como certo a priori.

Ao duvidar de tudo, Descartes não pode negar que a dúvida existe. Como as dúvidas vieram do seu questionamento, ele assume que a primeira verdade é o "penso, logo existo". Essa é a primeira afirmação considerada verdadeira pelo filósofo.

 

Discurso do método (O método cartesiano)

Em meados do século XVII, a filosofia e as ciências estavam inteiramente interligadas. Não existia um método científico propriamente dito e o pensamento filosófico ditava as regras de compreensão do mundo e dos seus fenômenos.

A cada nova escola de pensamento ou proposta filosófica, a forma de entender o mundo e a própria ciência também se modificavam. As verdades absolutas eram substituídas com certa rapidez. Esse movimento incomodava Descartes e um dos seus maiores objetivos era atingir a verdade absoluta, que não pudesse ser contestada.

A dúvida se torna o pilar do método cartesiano, que passa a considerar falso tudo aquilo que possa ser posto em dúvida. O pensamento de Descartes resultou numa quebra com a filosofia tradicional aristotélica e medieval, abrindo caminho para o método científico e a filosofia moderna.

 

Penso, logo existo e a filosofia moderna

Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. Durante a Idade Média, a filosofia estava intimamente ligada à Igreja Católica e, apesar dos grandes avanços nessa área, o pensamento estava subordinado ao dogma da Igreja.

O filósofo francês foi um dos primeiros grandes pensadores a exercer a filosofia fora do ambiente da Igreja. Isto possibilitou uma revolução nos métodos filosóficos, e o grande mérito de Descartes foi justamente criar o seu próprio método filosófico.

O chamado método cartesiano foi posteriormente utilizado e revisto por diversos outros filósofos, como o alemão Friedrich Nietzsche. Ele também serviu de base para o método científico, revolucionando as ciências na época.

 Disponível em:https://www.culturagenial.com/significado-da-frase-penso-logo-existo/

segunda-feira, 28 de junho de 2021

CONHECE-TE A TI MESMO

Um dos aforismos mais famosos da história, “conhece-te a ti mesmo”, encontrava-se no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, na cidade de Delfos na Grécia, no século IV a. C. Lembre-se que um aforismo é um pensamento expresso de maneira breve.

Essa frase foi atribuída a várias figuras gregas e não possui ao certo um autor. É possível que tenha como origem um dito popular grego.

Ao longo do tempo, essa sentença foi apropriada por muitos autores, o que levou a algumas variações. Um exemplo dessa apropriação é sua tradução para o latim: nosce te ipsum e, também, temet nosce.

De qualquer forma, a frase foi compreendida como um oráculo (mensagem do deus) de Apolo para todas as pessoas.

Sendo assim, a grande tarefa da humanidade, segundo o deus Apolo, seria buscar o conhecimento de si e, a partir daí, conhecer a verdade sobre o mundo.

O deus Apolo era conhecido por ser o deus da beleza, da perfeição e da razão. Por esse motivo, era um dos deuses mais cultuados da Grécia Antiga.

A razão, relacionada a Apolo, foi primordial para o desenvolvimento da filosofia. O caráter reflexivo da filosofia e a busca pelo conhecimento e pela verdade encontram em Apolo um referencial.

Conhece-te a ti mesmo e Sócrates

O filósofo Sócrates (c. 469-399 a.C.) é quem tornou mais evidente essa ligação entre o deus e a filosofia nascente. Foi Querofonte, seu amigo, que em uma visita ao oráculo de Delfos, perguntou à pitonisa (sacerdotisa que recebe a mensagem dos deuses e transmite aos mortais) se havia no mundo alguém mais sábio que Sócrates. A resposta do oráculo foi negativa, não havia ninguém mais sábio que Sócrates.

Ao receber essa mensagem de Querofonte quando regressou a Atenas, Sócrates passou sua vida a tentar contestar o oráculo.

O filósofo não compreendeu como ele poderia ser compreendido como o mais sábio. Julgava não ser detentor de nenhum conhecimento, pois considerava-se apenas uma pessoa comum com o difícil propósito de buscar o conhecimento verdadeiro.

Essa contestação teria levado Sócrates a proferir a famosa frase: Só sei que nada sei.

Intrigado com a mensagem do oráculo, o filósofo procurou todos os sábios de Atenas para que esses pudessem mostrar-lhe o que era o conhecimento.

Sócrates fazia-lhes perguntas sobre temas morais como a virtude, a coragem e a justiça, na esperança de que essas pessoas, reconhecidas pela sabedoria, pudessem ajudá-lo na busca pela verdade.

No entanto, ele sentiu-se frustrado ao perceber que essas autoridades gregas possuíam uma visão parcial da realidade, sendo capazes, apenas, de dar exemplos de alguém virtuoso, corajoso ou justo.

A partir desses encontros, Sócrates percebeu que esses sábios não passavam de pessoas com uma interpretação errada sobre o conhecimento, repletas de preconceitos e falsas certezas.

O filósofo compreendeu que a mensagem do oráculo dizia respeito ao fato dele possuir um autoconhecimento e compreender a sua própria ignorância, tornando-o mais sábio que os outros.

Ruínas do Templo de Apolo em Delfos

Sócrates dá origem ao período antropológico da filosofia grega. Ou seja, a partir da ideia de que o autoconhecimento, o conhecimento de si, é a base para todos os outros conhecimentos sobre o mundo.

Somente após abandonar os seus preconceitos que o sujeito está apto para buscar o conhecimento verdadeiro.

Conhece-te a ti mesmo e a filosofia

A filosofia nasce a partir da reflexão, ou seja, do olhar para dentro. Faz-se necessário refletir sobre o que significa, de fato, conhecer alguma coisa. A partir daí, construir bases para todos os tipos de conhecimento.

A extensão da frase atribuída a Sócrates é conhecida como: Conhece-te a ti mesmo e conhecerá o universo e os deuses.

Sendo assim, o motor da filosofia é o “conhece-te a ti mesmo” do próprio conhecimento, é o pensamento voltado para si. Busca no entendimento, as bases que fundamentam o saber.

Por conta disso, todas as áreas do saber são também áreas próprias da filosofia e seu objeto de estudo.

A consciência de si

Obra O Pensador (1904), de Auguste Rodin

A pergunta "quem sou eu?" ou "quem somos nós?" é uma das questões primordiais, metafísicas, que deram um ponto de partida para a filosofia e toda a produção de conhecimento. O "nós e o universo" é a meta do conhecimento que movimenta todos os dias a produção de ciência no mundo.

Química, física, medicina, psicologia, sociologia, história e todas as outras ciências, cada uma a seu modo, possuem como ponto em comum a proposta inscrita no templo de Apolo.

Ainda que não se tenha chegado à resposta definitiva para essa questão, sua busca e a necessidade de conhecer a si mesmo, constroem e modificam o modo de pensar e de compreender a realidade.

Em outras palavras, a busca pelo conhecimento, desde os gregos antigos até as sondas espaciais ou a decodificação do genoma humano, atendem à questão do "conhece-te a ti mesmo".

Encontrado em: https://www.todamateria.com.br/conhece-te-a-ti-mesmo/