segunda-feira, 26 de julho de 2021

FIM DA GUERRA FRIA E GLOBALIZAÇÃO

Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial no período de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense, sendo o mundo bipolar ou dualista. Foi um período de rivalidade entre as duas superpotências, quando concorriam entre si por influência internacional, principalmente nos campos militar e econômico. A disputa se dava principalmente entre dois modelos de economia: a norte-americana, marcada pela livre iniciativa, mercado e propriedade privada dos meios de produção, e a soviética, marcada pelo planejamento e controle estatal dos meios de produção e distribuição dos produtos. Nessa ordem, a divisão do mundo era:

Países do Primeiro Mundo ou desenvolvidos: marcados pela industrialização clássica (Primeira e Segunda Revoluções Industriais) e por elevado nível de vida, com baixas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: EUA, Japão, Alemanha Ocidental, …

Países do Segundo Mundo ou socialistas planificados: marcados pelo controle estatal na economia e por regimes autoritários. Exemplos: União Soviética, Cuba, Polônia, China, Alemanha Oriental…

Países do Terceiro Mundo ou subdesenvolvidos: marcados pela colonização de exploração no início do capitalismo, predominando elevadas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: Brasil, Paraguai, África do Sul, Índia, Arábia Saudita…

 

ORDEM MUNDIAL PÓS GUERRA-FRIA

Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais dessa nova ordem.

O processo de Globalização (principal característica da nova ordem mundial que substitui a anterior, criada em 1945) pode ser identificado na ordem política como a passagem para uma ordem política pós-Westfaliana, fazendo referência ao Tratado de Westfália, construído em 1648 e estabeleceu os princípios de soberania dos Estados Nacionais.

Na chamada era da globalização, o próprio conceito de soberania se torna flexível e relativo. O direito internacional, a expansão das empresas multinacionais para vários países além de sua sede e a atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) em várias partes do mundo, suprindo demandas não atendidas pelos governos locais, a difusão de informações em alta velocidade pela internet e páginas internacionais como Facebook e WhatsApp são exemplos de como a noção de soberania se alterou.

Outro aspecto a ser analisado são as transformações no sistema econômico global. A criação de mercados financeiros internacionais, gerando uma nova etapa no sistema capitalista (capitalismo financeiro), mostra-se como uma das principais consequências da nova ordem. Os capitais se movem de um país a outro rapidamente, ignorando fronteiras e governos, visando alcançar a maior lucratividade, muitas vezes a partir de movimentos especulativos. No sistema comercial, observa-se uma tendência à organização dos países em blocos econômicos, com a função principal de unificar os mercados dos países integrantes, como por exemplo a União Europeia e o Mercosul. Por outro lado, acontece uma divisão internacional do trabalho, onde as empresas se aproveitam das condições favoráveis em cada país, criando produtos desenvolvidos em várias partes do mundo. Por exemplo, pode-se extrair matéria prima em determinado lugar, produzir as peças em outro, montar em um terceiro e comercializar em determinado bloco econômico diferente.

Por fim, se percebe um desmanche dos estados de bem estar social pelo mundo. Mesmo na Europa onde os direitos dos trabalhadores estão consolidados já há bastante tempo, estão ocorrendo constantes recuos na disponibilidade de serviços públicos como educação saúde e infra estrutura, ao mesmo tempo que ocorre precarização dos empregos, redução de direitos e enfraquecimento dos movimento trabalhistas, na esteira da ideologia neoliberal (processo de adoção do chamado estado mínimo, reduzindo participação estatal na economia e na prestação de serviços sociais), que visa diminuir impostos e encargos trabalhistas para as empresas multinacionais, a fim de tornar os países mais atrativos para investimentos em capital produtivo ou financeiro.

Dessa forma, é preciso considerar que se de um lado o fim da Guerra Fria gerou uma distensão no conflito ideológico e militar entre duas superpotências rivais, bem como suas consequentes intervenções em países mais pobres, por outro lado gerou uma ordem mundial onde o processo de Globalização parece gerar uma única superpotência invisível, mas poderosa e presente em todas as esferas da vida dos povos do mundo: o mercado.

Nesse sentido, embora ainda estejamos em uma fase inicial deste processo, seus efeitos já são sentidos pelos povos do mundo, como a crise econômica de 2008, que se iniciou nos países ricos e se alastrou rapidamente para o restante do mundo ou crises menores, como as moratórias do México e Rússia nos anos 1990, que afetaram o sistema financeiro internacional com consequências desastrosas, principalmente no câmbio. 

Cabe, portanto, uma reflexão sobre os pontos positivos e negativos deste processo, a fim de que os governos do mundo adotem posturas não de isolamento, mas de proteção aos seus interesses nacionais, principalmente das classes menos abastadas.

O mundo pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos.

A nova ordem mundial, portanto, estabeleceu-se a partir da crise do socialismo real (Segundo Mundo), que teve como ápice a queda do Muro de Berlim e a unificação das Alemanhas sob a economia capitalista de mercado e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em quinze novos países que passaram, então, por um processo de transição para o capitalismo.

Esses acontecimentos cruciais ao Segundo Mundo representaram o momento de transição do socialismo real (representado pelo Estado totalitário e pela economia planificada) para a economia capitalista em quase todos os países socialistas. Desaparece, portanto, a estrutura bipolar da ordem da Guerra Fria e inicia-se uma nova ordem sob a hegemonia do capitalismo.

Nesse mundo pós-Guerra fria, surge uma famosa polêmica: mundo monopolar ou multipolar.

A ordem pós-Guerra fria é monopolar para aqueles que acreditam na supremacia militar, ou seja, os EUA como superpotência militar única e, portanto, hegemônica. A argumentação ganhou reforço após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando os EUA atacaram o Afeganistão (2001/2002) e o Iraque (2003), alegando uma ofensiva contra o terrorismo mundial (“eixo do mal”).

Para a maioria dos intelectuais, a ordem pós-Guerra fria é multipolar, tomando como referencial o fator econômico, enfatizando três grandes centros de poder: EUA, Japão e União Europeia. A argumentação reforça-se com o aumento da participação da China no comércio mundial.

O mapa mostra uma proposta de divisão do mundo de acordo com a Nova Ordem Mundial: o Norte, formado pelos países ricos ou desenvolvidos, e o Sul, composto de nações pobres ou subdesenvolvidas.

Essa proposta não obedece a um critério de posição geográfica, pois, cartograficamente, a divisão em hemisférios, feita pela linha do Equador, não é levada em conta.

O bloco Norte caracteriza-se pela predominância de países industrializados, com elevada urbanização, elevado produto interno bruto e boas condições de vida da população.

Já o bloco Sul seria composto de nações mais pobres, em sua maior parte não-industrializadas, com baixa urbanização e base econômica agro mineradora. Dentro desse grupo, podemos destacar algumas subdivisões, isto é, países industrializados, países agro mineradores e países marginalizados ou excluídos.

Autoria: Marcelo Augusto Malheiros EM: https://www.coladaweb.com/geografia/o-mundo-pos-guerra-fria e https://www.brasil247.com/blog/fim-da-guerra-fria-e-a-globalizacao-parte-3-wueu10k9

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