segunda-feira, 26 de julho de 2021

FIM DA GUERRA FRIA E GLOBALIZAÇÃO

Para entender a ordem mundial atual, é necessário recordar a velha ordem mundial no período de 1945 a 1989, marcada pela Guerra Fria entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense, sendo o mundo bipolar ou dualista. Foi um período de rivalidade entre as duas superpotências, quando concorriam entre si por influência internacional, principalmente nos campos militar e econômico. A disputa se dava principalmente entre dois modelos de economia: a norte-americana, marcada pela livre iniciativa, mercado e propriedade privada dos meios de produção, e a soviética, marcada pelo planejamento e controle estatal dos meios de produção e distribuição dos produtos. Nessa ordem, a divisão do mundo era:

Países do Primeiro Mundo ou desenvolvidos: marcados pela industrialização clássica (Primeira e Segunda Revoluções Industriais) e por elevado nível de vida, com baixas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: EUA, Japão, Alemanha Ocidental, …

Países do Segundo Mundo ou socialistas planificados: marcados pelo controle estatal na economia e por regimes autoritários. Exemplos: União Soviética, Cuba, Polônia, China, Alemanha Oriental…

Países do Terceiro Mundo ou subdesenvolvidos: marcados pela colonização de exploração no início do capitalismo, predominando elevadas taxas de natalidade e mortalidade. Exemplos: Brasil, Paraguai, África do Sul, Índia, Arábia Saudita…

 

ORDEM MUNDIAL PÓS GUERRA-FRIA

Para entender o mundo moderno e prever as tendências econômicas, é importante aprofundar o conhecimento sobre as características principais dessa nova ordem.

O processo de Globalização (principal característica da nova ordem mundial que substitui a anterior, criada em 1945) pode ser identificado na ordem política como a passagem para uma ordem política pós-Westfaliana, fazendo referência ao Tratado de Westfália, construído em 1648 e estabeleceu os princípios de soberania dos Estados Nacionais.

Na chamada era da globalização, o próprio conceito de soberania se torna flexível e relativo. O direito internacional, a expansão das empresas multinacionais para vários países além de sua sede e a atuação de Organizações Não-Governamentais (ONGs) em várias partes do mundo, suprindo demandas não atendidas pelos governos locais, a difusão de informações em alta velocidade pela internet e páginas internacionais como Facebook e WhatsApp são exemplos de como a noção de soberania se alterou.

Outro aspecto a ser analisado são as transformações no sistema econômico global. A criação de mercados financeiros internacionais, gerando uma nova etapa no sistema capitalista (capitalismo financeiro), mostra-se como uma das principais consequências da nova ordem. Os capitais se movem de um país a outro rapidamente, ignorando fronteiras e governos, visando alcançar a maior lucratividade, muitas vezes a partir de movimentos especulativos. No sistema comercial, observa-se uma tendência à organização dos países em blocos econômicos, com a função principal de unificar os mercados dos países integrantes, como por exemplo a União Europeia e o Mercosul. Por outro lado, acontece uma divisão internacional do trabalho, onde as empresas se aproveitam das condições favoráveis em cada país, criando produtos desenvolvidos em várias partes do mundo. Por exemplo, pode-se extrair matéria prima em determinado lugar, produzir as peças em outro, montar em um terceiro e comercializar em determinado bloco econômico diferente.

Por fim, se percebe um desmanche dos estados de bem estar social pelo mundo. Mesmo na Europa onde os direitos dos trabalhadores estão consolidados já há bastante tempo, estão ocorrendo constantes recuos na disponibilidade de serviços públicos como educação saúde e infra estrutura, ao mesmo tempo que ocorre precarização dos empregos, redução de direitos e enfraquecimento dos movimento trabalhistas, na esteira da ideologia neoliberal (processo de adoção do chamado estado mínimo, reduzindo participação estatal na economia e na prestação de serviços sociais), que visa diminuir impostos e encargos trabalhistas para as empresas multinacionais, a fim de tornar os países mais atrativos para investimentos em capital produtivo ou financeiro.

Dessa forma, é preciso considerar que se de um lado o fim da Guerra Fria gerou uma distensão no conflito ideológico e militar entre duas superpotências rivais, bem como suas consequentes intervenções em países mais pobres, por outro lado gerou uma ordem mundial onde o processo de Globalização parece gerar uma única superpotência invisível, mas poderosa e presente em todas as esferas da vida dos povos do mundo: o mercado.

Nesse sentido, embora ainda estejamos em uma fase inicial deste processo, seus efeitos já são sentidos pelos povos do mundo, como a crise econômica de 2008, que se iniciou nos países ricos e se alastrou rapidamente para o restante do mundo ou crises menores, como as moratórias do México e Rússia nos anos 1990, que afetaram o sistema financeiro internacional com consequências desastrosas, principalmente no câmbio. 

Cabe, portanto, uma reflexão sobre os pontos positivos e negativos deste processo, a fim de que os governos do mundo adotem posturas não de isolamento, mas de proteção aos seus interesses nacionais, principalmente das classes menos abastadas.

O mundo pós-Guerra Fria é marcado por várias características, entre as quais se destacam a nova divisão com a questão multipolar, o neoliberalismo, a globalização e os blocos econômicos.

A nova ordem mundial, portanto, estabeleceu-se a partir da crise do socialismo real (Segundo Mundo), que teve como ápice a queda do Muro de Berlim e a unificação das Alemanhas sob a economia capitalista de mercado e a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em quinze novos países que passaram, então, por um processo de transição para o capitalismo.

Esses acontecimentos cruciais ao Segundo Mundo representaram o momento de transição do socialismo real (representado pelo Estado totalitário e pela economia planificada) para a economia capitalista em quase todos os países socialistas. Desaparece, portanto, a estrutura bipolar da ordem da Guerra Fria e inicia-se uma nova ordem sob a hegemonia do capitalismo.

Nesse mundo pós-Guerra fria, surge uma famosa polêmica: mundo monopolar ou multipolar.

A ordem pós-Guerra fria é monopolar para aqueles que acreditam na supremacia militar, ou seja, os EUA como superpotência militar única e, portanto, hegemônica. A argumentação ganhou reforço após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando os EUA atacaram o Afeganistão (2001/2002) e o Iraque (2003), alegando uma ofensiva contra o terrorismo mundial (“eixo do mal”).

Para a maioria dos intelectuais, a ordem pós-Guerra fria é multipolar, tomando como referencial o fator econômico, enfatizando três grandes centros de poder: EUA, Japão e União Europeia. A argumentação reforça-se com o aumento da participação da China no comércio mundial.

O mapa mostra uma proposta de divisão do mundo de acordo com a Nova Ordem Mundial: o Norte, formado pelos países ricos ou desenvolvidos, e o Sul, composto de nações pobres ou subdesenvolvidas.

Essa proposta não obedece a um critério de posição geográfica, pois, cartograficamente, a divisão em hemisférios, feita pela linha do Equador, não é levada em conta.

O bloco Norte caracteriza-se pela predominância de países industrializados, com elevada urbanização, elevado produto interno bruto e boas condições de vida da população.

Já o bloco Sul seria composto de nações mais pobres, em sua maior parte não-industrializadas, com baixa urbanização e base econômica agro mineradora. Dentro desse grupo, podemos destacar algumas subdivisões, isto é, países industrializados, países agro mineradores e países marginalizados ou excluídos.

Autoria: Marcelo Augusto Malheiros EM: https://www.coladaweb.com/geografia/o-mundo-pos-guerra-fria e https://www.brasil247.com/blog/fim-da-guerra-fria-e-a-globalizacao-parte-3-wueu10k9

sexta-feira, 23 de julho de 2021

NOVA REPÚBLICA

 

É denominado "Nova República" na história do Brasil, o período imediatamente posterior ao Regime Militar, época de exceção das liberdades fundamentais e de perseguição a opositores do poder. É exatamente pela repressão do período anterior que afloram, de todos os setores da sociedade brasileira o desejo de iniciar uma nova fase do governo republicano no país, com eleições diretas, além de uma nova constituição que contemplasse as aspirações de todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também como a Sexta República Brasileira.

A Nova República inicia-se com o fim do mandato do presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo, mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da eleição direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já, que não obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oliveira, como ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou não sendo aprovada.

O cidadão brasileiro voltaria a se decepcionar logo no início da Nova República com a morte do presidente eleito em 1985, Tancredo Neves. Mesmo eleito indiretamente, este tinha participado da campanha das Diretas-Já e tinha o apoio popular, o que significava que nele estavam depositadas as esperanças de plena redemocratização do país. O seu vice, José Sarney, político recém-chegado ao PMDB, depois de ter passado pelo partido da situação no Regime Militar, a ARENA (e depois PDS) coube o cargo de presidente, no qual os dois mais importantes pontos foram a aproximação com a Argentina, o que resultaria pouco depois na formação do Mercosul e na promulgação da nova Constituição democrática, de outubro de 1988. Já na economia e política seu governo foi um fracasso, com vários planos que não conseguiram conter a inflação, constante troca de moeda e denúncias de corrupção.

Após o mandato de Sarney, as primeiras eleições diretas ocorrem em quase trinta anos, sendo eleito Fernando Collor de Mello. Com um estilo moderno e discurso moralizante, elabora um plano econômico peculiar para acabar com a inflação e que resulta em mais um fracasso. Logo mais dois planos paliativos se seguem, mas as denúncias de corrupção "afogam" o presidente, que é obrigado a renunciar em 1992 para não ser impedido pelo Congresso.

O próximo presidente da Nova República é mais uma vez um vice, o mineiro Itamar Franco, que sobe ao poder com a incumbência de completar o mandato de Collor. Após algumas escolhas pouco bem sucedidas para a pasta da Fazenda (Economia), o presidente escolhe o senador Fernando Henrique Cardoso, que com seu aval irá elaborar o Plano Real, que após décadas de inflação, consegue finalmente debelar a alta de preços, seguindo até os dias de hoje como parâmetro na condução da economia.

Com o sucesso do Plano Real, Fernando Henrique terá a popularidade necessária para garantir dois mandatos nas urnas. Gradualmente o Brasil, esquivando-se das sucessivas crises mundiais econômicas que surgem, vai seguindo um curso de progresso e desenvolvimento.

Em 2003, ante a percepção de que Fernando Henrique e seu partido de certo modo se acomodaram no poder, o PT, com Luís Inácio Lula da Silva, terá dois mandatos para mostrar seu projeto para o Brasil. Destacam-se a política externa, que se aproximou da África e da América Latina, além dos programas de auxílio à população carente, enquanto o governo opta por manter as conquistas econômicas do Plano Real, gerindo seu crescimento. Pela primeira vez, o Brasil irá quitar suas dívidas no plano externo, passando a ser até mesmo credor internacional, inclusive da grande potência mundial, os Estados Unidos.

Com a percepção de que seus dois mandatos foram um sucesso, o povo garante a Lula e ao PT a eleição de sua candidata, Dilma Rousseff, em 2010. Entretanto, o Governo de Dilma enfrentou grande insatisfação popular. Em 2016, Dilma sofreu Impeachment por crime de responsabilidade.

Bibliografia:
Nova República. Disponível em: http://ayoshiharu.vilabol.uol.com.br/nova_republica.html .Acesso em 26 jul. de 2011.

 

 

quarta-feira, 14 de julho de 2021

QUARTA REPÚBLICA

A Quarta República foi um período regido pela nova Constituição promulgada em 1946. A nova Constituição do Brasil foi elaborada após a formação de uma Constituinte nas eleições de 1945. Com a posse do presidente eleito, Eurico Gaspar Dutra, a Constituinte reuniu-se durante meses até a promulgação da nova Constituição em 18 de setembro de 1946.

A Constituição de 1946 exprimia os valores ideológicos dos políticos eleitos em 1945 e era, portanto, uma Constituição liberal. Em relação às questões democráticas, a Constituição trouxe melhorias consideráveis, pois retomou valores que haviam sido suprimidos no Estado Novo e aumentou significativamente o número de eleitores no Brasil, já que definiu que homens e mulheres maiores de 18 anos tinham direito ao voto.

A Constituição, no entanto, tinha seus pontos negativos. Um deles era a exclusão dos analfabetos do direito de votar, o qual só foi obtido em 1988. Além disso, a Constituição não concedeu aos trabalhadores rurais os direitos trabalhistas obtidos nos anos anteriores pelos trabalhadores urbanos. Além disso, uma cláusula referente à reforma agrária em particular foi alvo de intensos debates anos depois.

 

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DA QUARTA REPÚBLICA

Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)

Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente pela chapa PSD/PTB, derrotando Eduardo Gomes, da UDN, e Iedo Fiúza, do PCB. Dutra elegeu-se escorando no apoio tímido que lhe foi dado por Getúlio Vargas e também em virtude de deslizes cometidos por seu principal adversário, Eduardo Gomes. Dutra assumiu a presidência em 31 de janeiro de 1946, anunciando que seria “o presidente de todos os brasileiros”1.

Em relação à economia, destacaram-se em seu governo dois momentos distintos: no primeiro, foi aplicada uma política econômica liberal que, depois de queimar as reservas cambiais do país, foi substituída por uma política intervencionista que resultou em grande crescimento econômico. Em questões de política externa, o país aliou-se incondicionalmente aos Estados Unidos.

Em decorrência dessa aliança, o governo rompeu relações diplomáticas com a União Soviética e passou a perseguir fortemente sindicatos, organizações de trabalhadores e partidos de esquerda. Com isso, o PCB foi colocado na ilegalidade, e seus políticos foram cassados.

 

Getúlio Vargas (1951-1954)

Getúlio Vargas retornou à presidência do Brasil após vencer as eleições de 1950, quando derrotou o udenista Eduardo Gomes e o candidato do PSD Cristiano Machado. O segundo governo de Vargas ficou marcado por uma forte crise política que abalou a sustentação de seu governo e por inúmeras polêmicas em torno da política econômica adotada.

Economicamente, Getúlio Vargas alinhava-se a uma postura mais nacionalista, sobretudo na exploração dos recursos nacionais. Nessa questão, destaca-se a polêmica em torno da criação da Petrobras, em 1953, após uma extensa campanha popular que tinha como lema “o petróleo é nosso”. A criação dessa estatal, que monopolizava a exploração do petróleo no Brasil, desagradou fortemente certos grupos da política brasileira alinhados com interesses estrangeiros.

A postura de intervenção do Estado na economia era outra questão que incomodava bastante. Essas polêmicas fortaleceram o antigetulismo no Brasil, e Vargas teve de lidar com denúncias frequentes de corrupção e de tentativas de implantar uma ditadura sindicalista no país.

Vargas também teve de lidar com a insatisfação popular por conta da alta da inflação, que destruía o poder de compra do trabalhador. A resposta de Vargas foi a nomeação de João Goulart, político gaúcho com alto poder de negociação com os sindicatos, para o Ministério do Trabalho e a aprovação da proposta de aumentar em 100% o salário mínimo.

Isso gerou profunda insatisfação nos militares, que criticavam incisivamente Vargas, e nos udenistas. Um dos maiores nomes do antigetulismo foi Carlos Lacerda, jornalista e dono do Tribuna da Imprensa. Esse jornalista foi, inclusive, o pivô da crise final do governo Vargas.

Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi atacado na porta de sua casa, na Rua Tonelero, em Copacabana, Rio de Janeiro. As investigações descobriram que Gregório Fortunato, chefe de segurança do palácio presidencial, havia sido o mandante do crime. Vargas passou a ser bombardeados por pedidos de renúncia até que, em 24 de agosto de 1954, cometeu suicídio no Palácio do Catete.

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

A posse de Juscelino à presidência do Brasil só foi possível graças ao esforço de Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra que organizou o Golpe Preventivo de 1955, o qual acabou com qualquer possibilidade de golpe contra o político mineiro. Essa ação foi tomada pelo fato de terem acontecido, entre 1954 e 1955, movimentações golpistas para impedir a realização da eleição de 1955 e para impedir a posse de JK.

Juscelino Kubitschek, vinculado à chapa PSD/PTB, foi eleito presidente após derrotar seus adversários: Juarez Távora, da UDN, e Ademar de Barros, do PSP. Seu governo ficou marcado pelo desenvolvimentismo, ou seja, por posturas econômicas que buscavam o crescimento da economia e da indústria no país. Para alcançar esse desenvolvimento, foi criado o Plano de Metas, que estipulava investimentos em áreas cruciais do país, como energia e transporte.

O resultado dos cinco anos de governo de JK na economia foi um crescimento anual médio do PIB de 7% e um crescimento industrial de 80%. Outro destaque desse governo foi a construção da nova capital, Brasília. A obra aconteceu em tempo recorde e envolveu um montante gigantesco de dinheiro.

Apesar dos resultados positivos, esse governo também ficou marcado pelo crescimento da desigualdade social no país e por problemas graves, como o baixo investimento na educação e na alimentação, que permaneceram como gargalos da nossa sociedade.

Jânio Quadros (1961)

Jânio Quadros foi o primeiro e único político que a UDN conseguiu eleger no país durante a Quarta República. Foi escolhido como candidato do partido por indicação de Carlos Lacerda, líder do conservadorismo no país. Na eleição presidencial de 1960, Jânio Quadros derrotou Henrique Teixeira Lott, da chapa PSD/PTB, e Ademar de Barros, do PSP.

O governo de Jânio foi curto, com duração de quase sete meses. Nesse período, o presidente acumulou polêmicas com a população e com seu partido, a UDN. Na economia tomou medidas que aumentaram o preço dos combustíveis e do pão. Outras medidas polêmicas foram a proibição do uso de biquíni e a condecoração de Che Guevara, líder da luta revolucionária na América.

Esse último fato enfureceu seu partido, que era ideologicamente conservador, isolando politicamente o presidente. A saída encontrada por Jânio foi renunciar à presidência no dia 25 de agosto de 1961. Sua renúncia é interpreta pelos historiadores como uma tentativa fracassada de autogolpe. Dessa forma, o país foi jogado em uma crise política sobre a sucessão presidencial.

João Goulart (1961-1964)

O governo de Jango (apelido de João Goulart) foi um dos mais atribulados da história do país. Sua posse aconteceu em meio a uma campanha política conhecida como “campanha da legalidade”, a qual defendia que Jango, vice de Jânio, fosse empossado presidente do Brasil. A luta entre legalistas e golpistas quase arrastou o país para uma guerra civil.

Jango assumiu a presidência em 7 de setembro de 1961 em um regime parlamentarista. Apesar de os poderes políticos presidenciais estarem minados pelo parlamentarismo, a partir de janeiro de 1963, o presidencialismo teve seus poderes recuperados por meio de um plebiscito votado pela população.

Assim, Jango teve poderes para tentar implantar a Reforma de Base, um conjunto de reformas estruturais em áreas vitais do país, como sistemas tributário e eleitoral, ocupação urbana, etc. A reforma agrária e a forma como ela seria conduzida no país representaram o grande debate das Reformas de Base, o qual desgastou e isolou politicamente João Goulart. Em virtude disso, seu partido, o PTB, perdeu o apoio do PSD, que se bandeou para o lado dos udenistas.

Enquanto as tentativas de reforma eram debatidas, organizava-se secretamente no país um golpe contra o presidente. Essa conspiração contava com a participação de militares, civis e, principalmente, do grande empresariado.

Essa conspiração golpista recebeu apoio financeiro dos EUA, que inclusive injetou dinheiro em candidaturas conservadoras na eleição de 1962. Formaram-se, então, dois grupos que passaram a organizar o golpe e a difundir um discurso para desestruturar a base do governo com a população: o Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e o Ipes (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais).

 

EM 1964, DOIS MOMENTOS-CHAVE ACONTECERAM:

Em 13 de março de 1964, o presidente realizou o discurso da Central do Brasil, no qual reassumiu seu compromisso em realizar, a todo custo, as Reformas de Base.

Em 19 de março de 1964, em São Paulo, aconteceu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma resposta ao discurso de Jango. Esse evento evidenciou a existência de uma parcela numerosa do país que se alinhava às pautas conservadoras e lutava contra o governo.

A continuidade desse processo levou, a partir de 31 de março de 1964, à conspiração para a ação do golpe. Entre 31 de março e 2 de abril, tropas militares realizaram as movimentações necessárias para ocupar pontos-chave do país. No dia 2 de abril, o então presidente do Senado, Auro de Moura, declarou vaga a presidência do Brasil, consolidando, assim, o golpe contra a democracia e contra João Goulart. Em 9 de abril foi decretado o AI -1. No dia 15, Humberto Castelo Branco assumiu como primeiro “presidente” da Ditadura Militar.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-populista-1945-1964.htm

terça-feira, 13 de julho de 2021

RENÉ DESCARTES - PENSO, LOGO EXISTO

 

René Descartes (1596 – 1650), considerado o fundador da filosofia moderna, chegou a conclusão desta célebre frase enquanto buscava traçar uma metodologia para definir o que seria o “verdadeiro conhecimento”.

O filósofo e matemático desejava obter o conhecimento absoluto, irrefutável e inquestionável.

Mesmo tendo frequentado as melhores universidades da Europa, Descartes achava que não tinha aprendido nada de substancial (com exceção da matemática) em seus estudos.

Todas as teorias científicas acabavam por ser refutáveis e substituídas por outras, não havia nenhuma certeza verdadeira além da dúvida. Descartes, então, passou a duvidar de tudo, inclusive da sua própria existência e do mundo que o rodeava.

No entanto, Descartes encontrou algo que não poderia duvidar: da dúvida. De acordo com o pensamento do filósofo, ao duvidar de algo já estaria pensando e, por estar duvidando, logo pensando, estaria existindo. Descartes entendeu que ao duvidar, estava pensando, e por estar pensando, ele existia. Desta forma, a sua existência foi a primeira verdade irrefutável que ele encontrou.

Assim, Descartes publicou em seu livro “O Discurso do Método”, publicado em 1637, o resumo de seu pensamento na frase: “je pense, donc je suis” (publicação original em francês), que depois foi traduzida para o latim Ego cogito, ergo sum sive existo. Apesar disso, em latim esta frase é traduzida apenas como cogito ergo sum.

A frase de Descartes é o resumo de seu pensamento filosófico e do seu método. Ele demonstra rapidamente no seu livro Discurso do Método como chegou na oração penso, logo existo. Para o filósofo, tudo começa com a dúvida hiperbólica, duvidar de tudo, não aceitar nenhuma verdade absoluta é o primeiro passo.

Descartes ambiciona em suas meditações encontrar a verdade e estabelecer o conhecimento em bases sólidas. Para isso, ele precisa rejeitar qualquer coisa que levante o menor questionamento, isso leva à dúvida absoluta sobre tudo. Descartes expõe o que pode causar dúvidas.

Aquilo que se apresenta aos sentidos pode gerar dúvidas, já que os sentidos às vezes nos enganam. Também não se pode confiar nos sonhos pois eles não se baseiam em coisas reais. Por último, em relação aos paradigmas matemáticos, apesar de ser uma ciência "exata", ele deve negar tudo aquilo que se apresenta como certo a priori.

Ao duvidar de tudo, Descartes não pode negar que a dúvida existe. Como as dúvidas vieram do seu questionamento, ele assume que a primeira verdade é o "penso, logo existo". Essa é a primeira afirmação considerada verdadeira pelo filósofo.

 

Discurso do método (O método cartesiano)

Em meados do século XVII, a filosofia e as ciências estavam inteiramente interligadas. Não existia um método científico propriamente dito e o pensamento filosófico ditava as regras de compreensão do mundo e dos seus fenômenos.

A cada nova escola de pensamento ou proposta filosófica, a forma de entender o mundo e a própria ciência também se modificavam. As verdades absolutas eram substituídas com certa rapidez. Esse movimento incomodava Descartes e um dos seus maiores objetivos era atingir a verdade absoluta, que não pudesse ser contestada.

A dúvida se torna o pilar do método cartesiano, que passa a considerar falso tudo aquilo que possa ser posto em dúvida. O pensamento de Descartes resultou numa quebra com a filosofia tradicional aristotélica e medieval, abrindo caminho para o método científico e a filosofia moderna.

 

Penso, logo existo e a filosofia moderna

Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. Durante a Idade Média, a filosofia estava intimamente ligada à Igreja Católica e, apesar dos grandes avanços nessa área, o pensamento estava subordinado ao dogma da Igreja.

O filósofo francês foi um dos primeiros grandes pensadores a exercer a filosofia fora do ambiente da Igreja. Isto possibilitou uma revolução nos métodos filosóficos, e o grande mérito de Descartes foi justamente criar o seu próprio método filosófico.

O chamado método cartesiano foi posteriormente utilizado e revisto por diversos outros filósofos, como o alemão Friedrich Nietzsche. Ele também serviu de base para o método científico, revolucionando as ciências na época.

 Disponível em:https://www.culturagenial.com/significado-da-frase-penso-logo-existo/