A Primeira
Guerra Mundial (1914 - 1918) envolveu as principais potências europeias em um
conflito que se originou em 28 de julho de 1914, alastrando-se por todo o
continente ao longo dos quatro anos seguintes, até 11 de novembro de 1918.
Entenda quais
eram as principais características políticas e econômicas das sociedades
europeias naquela época, e como cada uma delas contribuiu para a emergência
dessa disputa.
Origens do conflito
Desde a segunda
metade do século XIX, diversas nações desenvolveram fortes políticas
imperialistas, sendo esse um dos principais fatores políticos que instigaram a
Primeira Guerra Mundial. Países europeus, como a França, a Alemanha, a
Inglaterra e a Itália, além dos Estados Unidos e do Japão, por exemplo,
buscavam expandir ao máximo suas influências territoriais. Seus projetos eram
pautados sobretudo na hegemonia sobre os países colonizados nas regiões
asiática e africana e justificavam suas ações com base no etnocentrismo, em que
supostamente “os países civilizados levariam o progresso aos povos mais
primitivos”.
No entanto,
esta divisão neocolonial, em conjunto com novos conflitos emergentes e voltados
às questões de disputas territoriais, como a Partilha da África, culminou em
sentimentos crescentes de hostilidade entre os países. Enquanto algumas nações,
como a França e a Inglaterra, exploravam colônias consideradas extremamente
rentáveis, com grande oferta de matérias-primas e mercado consumidor, a
Alemanha e a Itália, por exemplo, sentiam-se extremamente insatisfeitas com as
divisões de territórios.
Nesse contexto,
ainda existia uma forte pressão econômica e uma acirrada disputa pela conquista
de mercados consumidores. O ambiente, voltado à concorrência comercial,
contribuiu para a emergência de diversos conflitos de interesse.
Corrida armamentista
Diante do largo
desenvolvimento industrial e da crescente concorrência econômica, algumas
nações europeias também começaram a direcionar seus investimentos para um
segmento muito específico: a indústria bélica. A crescente tensão na Europa
culminou em uma corrida armamentista, na qual todos os países foram tomados por
um sentimento de apreensão e incertezas, e então armaram-se diante da
possibilidade de se proteger ou atacar.
Muito
associados aos ideais imperialistas, os pensamentos nacionalistas também
ganharam força nesse contexto, contribuindo ainda mais para o clima receoso
entre os países do continente europeu. Ao evocar o forte sentimento de
pertencimento, o pangermanismo na Alemanha, por exemplo, despertou o ímpeto de
unificação dos povos de origem germânica, com apoio do Império Austro-Húngaro.
Já o pan-eslavismo originou a primeira tentativa de unificação entre o Império
Russo e os demais países eslavos.
Política de alianças
Pressionados,
muitos Estados saíram em busca de reforço militar e apoio político, unindo-se
às nações cujos planos comerciais eram similares aos seus e, também, que tinham
os mesmos inimigos. A primeira grande aliança é formada em 1880, a partir de
acordos firmados entre Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, recebendo o nome de
Tríplice Aliança.
Na década
seguinte, a França - cuja trajetória histórica revela inúmeras questões mal
resolvidas com a Alemanha - une-se ao Império Russo, na busca pela articulação
de uma aliança política e econômica. A Inglaterra, preocupada com os avanços
bélicos propostos pelos germânicos, une-se à dupla originando em 1907, a
chamada Tríplice Entente.
A Guerra dos Bálcãs e seus reflexos
A Alemanha,
movida por seu sentimento nacionalista, buscava integrar-se ao território
austro-húngaro, cujos interesses políticos estavam, principalmente, voltados à
região dos Bálcãs, povoada por muçulmanos e eslavos.
O povo eslavo,
em especial, acreditava na possibilidade da construção de uma grande nação
naquele território, originando a Grande Sérvia, um projeto também defendido
pelos russos. No entanto, em 1908, o Império Austro-Húngaro anexou ao seu
território a Bósnia e a Herzegovina, duas nações predominantemente eslavas.
Esse movimento provocou uma crise política, cujos efeitos tentou-se controlar
com o Tratado de Berlim, em 1909, mas resultaram na Guerra dos Bálcãs, ocorrida
entre 1912 e 1913. A região, com uma dinâmica complexa e delicada, passa a se
configurar então como um “barril de pólvora”.
O verdadeiro
estopim do conflito mundial, cultivado em meio às crescentes tensões políticas
e econômicas na Europa, foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando,
herdeiro do trono austro-húngaro, império cuja extensão abrange as atuais
Áustria e Hungria, além de partes da Romênia, da República Checa e da
Eslováquia.
Francisco e
Sofia de Hohenberg, sua esposa, foram mortos a tiros enquanto visitavam a
cidade de Sarajevo, na então província da Bósnia-Herzegovina, em 28 de junho de
1914. As investigações comprovaram que o atentado foi, na verdade, orquestrado
por Gravrilo Princip, um ativista sérvio integrante do grupo nacionalista
sérvio Mão Negra, que acreditava na realização do pan-eslavismo e rejeitava a
influência do império austro-húngaro.
A situação, que
já estava delicada, se intensificou. O Império Austro-Húngaro, com apoio
alemão, cobrou uma solução das forças Sérvias diante do assassinato do
arquiduque. A Sérvia, porém, com auxílio dos russos, não cedeu à pressão. Como
resultado, a declaração de guerra feita pelos austro-húngaros à Sérvia foi
oficializada em 28 de julho de 1914.
Desenvolvimento da guerra
Logo os
franceses declararam apoio ao Império Russo, que foi reforçado pela
participação dos ingleses e materializando, assim, o posicionamento da Tríplice
Entente. Já a Alemanha, declarou guerra aos integrantes da Tríplice Entente,
posicionando-se do lado do Império Austro-Húngaro e dos italianos.
A Primeira
Grande Guerra teve como sua principal característica o avanço e a conquista dos
territórios com o uso das trincheiras - um tipo de vala adaptada como um grande
corredor, cavada no solo, na qual os soldados se escondiam e também atacavam os
inimigos. Além dessa técnica de batalha, foram utilizadas novas armas e também
tecnologias de combate, como caminhões-tanques e aviões. Houve também o uso de
nuvens com gases tóxicos em bombardeios, aumentando ainda mais o número de
mortes ao longo do conflito.
Anos finais e a importância do Tratado de
Versalhes
O ano de 1917
foi crucial para o fim da Grande Guerra. Em um primeiro momento, a Rússia se
retirou do conflito, uma vez que sua economia estava extremamente fragilizada
pelos constantes investimentos na indústria bélica, e das novas tensões sociais
que indicavam que mais tarde desencadearia uma Guerra Civil Russa. Na
sequência, os Estados Unidos entraram no conflito, apoiando a Tríplice Entente,
em um cenário no qual as forças alemãs já estavam enfraquecidas pelos embates.
O conflito
chegou ao fim em 11 de novembro de 1918, com a vitória da França e a derrota da
Alemanha. Além do impactante número de mortes - mais de oito milhões de pessoas
-, o embate de 1914 gerou inúmeros prejuízos em larga escala, destruindo e
comprometendo campos agrícolas e pátios industriais.
Em 1919, os
países envolvidos na guerra assinam o Tratado de Versalhes, que colocou fim às
hostilidades militares entre as potências. As nações derrotadas, integrantes da
Tríplice Aliança, foram punidas com diversas penalidades, entre as quais, a
redução de seus exércitos, o controle sobre suas produções bélicas, a devolução
de diversos territórios e, no caso da Alemanha, também arcar com os prejuízos
causados pela guerra nos países vencedores.
Devido às altas
indenizações, a economia Alemã, que já estava fragilizada, foi ainda mais
afetada. Com isso, um sentimento de insatisfação é suscitado no povo alemão,
sendo esse um dos fatores que contribuiu para a ascensão do nazismo e também
para o desenvolvimento da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).