sábado, 9 de outubro de 2021

POVOS BÁRBAROS

O nome Bárbaros foi dado por gregos e romanos aos povos vindos do norte, do oeste e do centro da Europa.

Esses tiveram grande influência sobre a Europa, pois mesclaram seus costumes com os do Império Romano.

 

Origem

O termo "bárbaro" não deriva de um grupo cultural específico e foi usado por gregos e romanos para descrever culturas que eles julgavam primitivas e que baseavam as conquistas mais pela força física do que pelo intelecto.

Essa visão, ligada à violência, foi estendida pelos romanos que passaram a nomear "bárbaros" os povos que não partilhavam de sua cultura, língua e costumes. Ainda assim, os romanos consideraram essas tribos como guerreiros destemidos e corajosos.

Hoje, o termo "bárbaro" é aplicado para descrever quem se utiliza de violência em excesso sem refletir em seus atos e prejudica, assim, aos demais cidadãos.

 

Os Bárbaros e o Império Romano

O Império Romano se espalhava pela Europa e pela África do Norte, conquistando várias tribos e povos. Alguns destes lutaram de maneira violenta contra o exército romano, que passou a classificá-los como bárbaros.

Nem sempre, contudo, romanos e bárbaros estiveram guerreando. Por volta dos séculos IV d.C. e V d.C., várias tribos foram incorporadas ao Império como federados e os romanos arregimentavam jovens soldados góticos e vândalos para seu exército.

Por isso, várias tribos puderam se estabelecer dentro das fronteiras do Império Romano.

Reinos BárbarosOs reinos bárbaros ocuparam gradativamente o território do Império Romano do Ocidente

 

Godos

Os godos eram uma tribo germânica oriental que se originou na Escandinávia. Eles migraram para o sul e conquistaram parte do Império Romano e eram um povo temido, cujos prisioneiros eram sacrificados ao seu deus da guerra, Tyr.

Uma força de godos realizou o primeiro ataque ao Império Romano em 263, na Macedônia. Também atacaram a Grécia e Ásia, mas foram derrotados um ano mais tarde e levados de volta à sua terra de origem pelo rio Danúbio.

Este povo foi dividido pelos autores romanos em dois ramos: os ostrogodos (godos do leste) e os visigodos (godos do oeste). Os primeiros ocupariam a Península Itálica e Balcãs, enquanto os últimos ocupariam a Península Ibérica.

 

Hunos

Povos Bárbaros HunosO Papa Leão Magno impede que o rei Átila invada Roma

Os hunos eram um povo nômade, oriundo da Ásia Central, que invadiu a Europa e construiu um enorme império. Eles derrotaram os ostrogodos e visigodos e conseguiram chegar à fronteira do Império Romano.

Eram um povo temido por toda a Europa como guerreiros exemplares, especializados no tiro com arco e equitação, e imprevisíveis em batalha.

O único líder que conseguiu unificá-los foi Átila, o Huno ou o Rei dos Hunos, e viveu entre 406 e 453. Reinou sobre a Europa Central e seu império se estendeu para o Mar Negro, Rio Danúbio e Mar Báltico.

Foi um dos mais terríveis inimigos do Império romano do Oriente e do Ocidente. Invadiu duas vezes os Balcãs e chegou a sitiar Constantinopla na segunda invasão.

Ao chegar às portas de Roma, o papa Leão I (400-461) o convenceu de não se apoderar da cidade e Átila retrocedeu com seu exército.

Invadiu a França, mas foi repelido na altura da atual cidade de Orleans. Apesar de Átila não ter deixado um legado significativo, tornou-se uma das figuras mais lendárias da Europa, sendo conhecido na história ocidental como o "Flagelo de Deus".

 

Magiares

Os magiares são um grupo étnico originário da Hungria e áreas vizinhas. Situavam-se a leste dos Montes Urais, na Sibéria, onde caçavam e pescavam. Na região, ainda criavam cavalos e desenvolveram técnicas de equitação.

Migraram para o sul e para o oeste e, em 896, sob a liderança do príncipe Árpad (850-907), os magiares atravessaram as Montanhas dos Cárpatos para entrar na Bacia dos Cárpatos.

 

Pictos

Os pictos eram tribos que viviam em Caledônia, região que hoje é parte da Escócia ao norte do rio Forth. Pouco se sabe sobre este povo, mas é provável que compartilhassem alguns deuses com os celtas.

Viviam ao norte do Muro de Antonino e durante a ocupação romana da Grã-Bretanha, os pictos foram continuamente atacados.

Sua conversão ao cristianismo ocorre no século VI, através da pregação de São Columba (521-591).

 

Vândalos

Os Vândalos eram uma tribo germânica oriental que entrou no final do Império Romano durante o século V.

Viajaram pela Europa até que encontraram a resistência dos francos. Embora tenham saído vitoriosos, 20 mil vândalos morreram na batalha e então, cruzaram o rio Reno, invadindo a Gália onde conseguiram controlar as possessões romanas no norte deste território.

Saqueavam os povos que encontravam em seu caminho e seguiram para o sul através da Aquitânia. Desta maneira, cruzaram os Pirineus e se dirigiram para a Península Ibérica. Ali se estabeleceram em várias partes da Espanha, como a Andaluzia, no sul, onde se fixaram antes partir para a África.

Em 455, os vândalos atacaram e tomaram Roma. Saquearam a cidade por duas semanas, partindo com inúmeros objetos de valor. O termo "vandalismo" sobrevive como um legado desta pilhagem.

 

Suevos

Mais uma tribo originária da atual Alemanha, mais precisamente da cidade Stuttgart. Sem condições de fazer frente a tantas batalhas, os romanos são derrotados e entregam a região da Galícia (parte da Espanha, mas também de Portugal) aos suevos.

Apesar da resistência dos lusitanos, os suevos se estabelecem um reino a partir de 411 e fazem da cidade de Braga, em Portugal, sua capital. Serão cristianizados na segunda metade do século VI, quando governava o rei Teodomiro (falecido em 570)

Em 585, os visigodos os derrotam e os suevos tornam-se vassalos do reino visigodo que tinha sua sede em Toledo.

 

Francos

A Conversão de ClovisA Conversão de Clovis, rei dos Francos, inaugurou uma era de união entre a Igreja e o reino

Por cerca de 500 anos d.C. os francos governaram o norte da França, que recebeu este nome por causa desta tribo.

A região foi governada entre 481 e 511 por Clóvis I (466-511), casado com a princesa católica Clotilde de Borgonha (475-545). Sob influência desta, Clóvis I se converteu ao cristianismo e, como era costume na época, obrigou seus súditos a segui-lo.

A conversão do soberano foi um passo para a união entre os francos e os romano-gauleses e a França se tornou o primeiro reino cristão após a Queda de Roma.

Em 507, Clóvis I emitiu um conjunto de leis que, entre outras determinações, colocava Paris como capital da França. Ao morrer, tinha vários descendentes que dividiram o reino entre si.

 

Bárbaros na Espanha

Até o início do século V, o Império Romano estava desmoronando pela invasão dos povos bárbaros. Em 409 d.C., alanos, vândalos e suevos ocuparam a maior parte da Espanha.

Um dos chamados povos germânicos, os visigodos, aliaram-se aos romanos.

Em 416-418, os visigodos invadiram a Espanha e derrotaram os alanos e, em seguida, foram para a França. Os vândalos absorveram os remanescentes dos alanos e, em 429 atravessaram para o Norte da África, deixando a Espanha para os suevos.

A maior parte do território que formava a Espanha caiu sob o domínio dos visigodos em 456, quando o rei visigodo Teodorico II (453-466) liderou o exército e derrotou os suevos.

Uma pequena parte localizada ao nordeste espanhol permaneceu sob controle romano, mas foi dominada pelos visigodos em 476.

Antigas cidades que estavam sob o domínio romano começaram a cair diante das investidas dos visigodos e em 589, o rei Recaredo I (559 - 601) converteu-se ao catolicismo romano e assim, unificou os hispanos-romanos e os visigodos que viviam ali.

Posteriormente, em 654, o rei Recesvinto (falecido em 672) elaborou um código único para seu reino.

As disputas internas entre os visigodos fragilizavam o reino, que pereceu diante dos mouros. O reino visigodo foi destruído pela invasão muçulmana em 19 de julho de 711.

 

Bárbaros na Itália

No século V, a queda do Império Romano deixou a Itália fragmentada. Entre 409 e 407, os povos germânicos invadiram a Gália e em 407, o exército romano deixou a Grã-Bretanha.

Três anos depois, Alarico I, o Gótico (370?-410) foi capturado em Roma, mas o império não caiu.

A derrocada foi marcada entre 429 e 430, quando vândalos cruzaram a Espanha a partir do Norte da África, o que foi fundamental para a queda dos romanos.

Em 455, Roma foi saqueada pelos vândalos e o último imperador romano, Rômulo Augusto (461-500?) foi destronado em 476.

Desta maneira, o germânico Odoacro (433?-493) proclamou-se rei da Itália. Odoacro realizou várias reformas administrativas e conseguiu dominar toda a península.

A convivência pacífica entre germânicos e romanos permaneceu também sob o reino de Teodorico (454-526), sucessor de Odoacro.

O Império Romano, porém, sobreviveu no Oriente e passou a ser denominado Império Bizantino.

 

Bárbaros na Inglaterra

Saxões, anglos, vikings, dinamarqueses vindos da Escandinávia, iniciaram as invasões à Grã-Bretanha, no século III e por volta do século V, aproveitando-se das invasões aconteciam na Península Itálica.

As ilhas britânicas eram ocupadas pelos celtas e pictos e sempre foram complicadas para serem defendidas, por conta da sua distância. Por isso, os romanos lançaram mão de contratar mercenários entre os povos germânicos confederados, prática bastante comum nesta época.

Desta maneira, mais e mais povos bárbaros chegavam às ilhas, derrotavam o rei local e aproveitavam para se estabelecer.

Os celtas continuaram a lutar contra os anglo-saxões, mas são derrotados. Igualmente, sua religião e costumes são absorvidos gradualmente através da cristianização das ilhas britânicas. Esses fatos acabaram sendo o tema para os contos do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

 

Escrito por Juliana Bezerra em:  https://www.todamateria.com.br/povos-barbaros/

sábado, 2 de outubro de 2021

A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

Dentre as causas da queda do Império Romano estão: disputas internas pelo poder, invasões bárbaras, divisão entre o Ocidente e o Oriente, a crise econômica e o crescimento do cristianismo.

Oficialmente, o Império Romano do Ocidente termina em 476 d.C., quando o Imperador Rômulo Augusto é obrigado a abdicar em favor de Odoacro, chefe militar de origem germânica.

A capital do Império, Roma, também sofreu as consequências da decadência. Foi saqueada pelas tropas de Alarico, em 410, e posteriormente, seria invadida por vândalos (455) e ostrogodos (546).

 

PRINCIPAIS CAUSAS DO FIM DO IMPÉRIO ROMANO

Vejamos alguns motivos que levaram ao declínio e ao fim do Império Romano.

1. Disputas internas

O regime de governo de Roma mudou de República para Império com Júlio César, no séc. I a.C. No entanto, apesar de ter se proclamado imperador, César manteve algumas instituições da República como o Senado.

Nem todos os imperadores, porém, respeitaram o poder dos senadores. Isso acabou por gerar mais atritos entre a classe política e os militares.

À medida que o Império se expandia, ficava cada vez mais difícil controlar os generais e os governadores das províncias. Não devemos esquecer que o Império Romano chegou a ter 10.000 km de extensão, com territórios no norte da África, Oriente Médio e Europa central.

Assim, com um ótimo exército nas mãos, alguns generais se rebelaram contra o poder central, mergulhando o Império em guerras civis.

2. Invasões bárbaras

Os “bárbaros” eram aqueles povos, fora do território imperial, que os romanos não conseguiram derrotar e ocupar as terras. Alguns deles, contudo, participavam das batalhas junto ao exército romano, e outros chegaram a integrar o próprio exército imperial.

Devido às disputas internas e a crise econômica, o exército romano perdeu muito da sua eficiência. Assim, os bárbaros conseguiram derrotá-lo e expandir seu território pouco a pouco.

Os chefes bárbaros, entretanto, faziam questão de conservar várias instituições romanas e muitos se convertiam ao cristianismo, a fim de poder serem aceitos pelos antigos romanos.

É interessante notar que os bárbaros acreditavam que eram os herdeiros do Império Romano e não seus destruidores.

3. Divisão entre Ocidente e Oriente

Uma das medidas tomadas para melhorar a administração imperial foi dividir o Império Romano em duas partes, por volta do ano 300 d.C. A parte Ocidental teria como capital Roma; enquanto a Oriental, a sede seria em Bizâncio.

Durante o reinado do Imperador Constantino, a cidade de Bizâncio passou a se denominar Constantinopla e mais tarde, com o domínio muçulmano, foi chamada de Istambul.

A divisão se revelou um fracasso, pois acentuou as diferenças culturais e políticas já existentes entre as duas regiões.

O Império Romano do Ocidente mergulha na decadência, sem conseguir conter as invasões bárbaras e as brigas internas. A Queda de Roma, saqueada pelos povos "bárbaros", em 410, revela o quanto os romanos já não controlavam seus domínios.

Já a parte do Oriente continuou como território unificado até 1453.

4. Crise econômica

O crescimento econômico de Roma se baseava nas guerras de expansão, na capacidade de capturar pessoas para escravizá-las e, finalmente, de comercializar.

A partir do momento que não havia mais como expandir seu território, também não era possível escravizar seres humanos.

Deste modo, sem a mão de obra barata dos escravos, a economia começa a declinar. Por sua parte, o dinheiro para fazer as guerras e pagar os soldados, escasseia. Uma das medidas para conter a crise econômica é fazer uma moeda de menor valor para pagar as tropas.

A solução acaba gerando inflação e a moeda romana se desvaloriza, aumentando a crise no Império.

5. Crescimento do cristianismo

O surgimento do cristianismo, uma religião monoteísta, aumentou a crise de identidade pela qual passava o Império Romano.

Os cristãos foram considerados ilegais até o em 313 d.C. o Édito de Milão, quando o Imperador Constantino decretou o fim da perseguição. Isso não significou a paz imediata, pois outros imperadores tentaram restaurar as práticas pagãs.

Esta luta entre o paganismo e o cristianismo desgastava internamente a sociedade e o governo romanos, que já se encontravam bem divididos.


Escrito por Juliana Bezerra em: A Queda do Império Romano: causas, como e quando caiu Roma - Toda Matéria (todamateria.com.br)