A mitologia, entre os povos antigos ou primitivos, era uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. Era também um modo de estabelecer algumas verdades que não só explicassem parte dos fenômenos naturais ou culturais, mas que ainda dessem formas para a ação humana.
Não sendo, porém, nem racional
nem teórico, o mito não obedece a lógica nem da realidade objetiva, nem da
verdade científica. Trata-se de uma verdade intuída, que dispensa provas para
ser aceita.
O mito pode ter nascido do
desejo e da necessidade de dominar o mundo, para fugir ao medo e à insegurança.
À mercê das forças naturais, que são assustadoras, o homem passou a lhes
atribuir qualidades emocionais. As coisas não eram consideradas como matéria
morta, nem como independentes do sujeito que as percebe: o próprio ser humano.
As coisas, ao contrário, eram
vistas como plenas de qualidades, podendo tornar-se boas ou más, amigas ou
inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou ameaçadoras e
repelentes. Assim, o homem se movia num mundo animado por forças que ele
precisava agradar para haver caça abundante, para fertilizar a terra, para que
a tribo ou grupo fosse protegido, para que as crianças nascessem e os mortos
pudessem ir em paz para o além.
O pensamento mítico, portanto,
está muito ligado à magia e ao desejo de que as coisas aconteçam de um
determinado modo. A partir dele desenvolveram-se os rituais, como técnicas de
obter os acontecimentos desejados. O ritual é o mito em ação.
O mito tem funções
determinadas nas sociedades antigas e primitivas. Inicialmente, ele serve para
acomodar e tranquilizar o homem num mundo perigoso e assustador, dando-lhe
segurança. O que acontece no mundo natural passa a depender, através de suas
ações mágicas, dos atos humanos. Além disso, o mito também serve para fixar
modelos exemplares de todas as atividades humanas.
o mito é uma primeira
narrativa sobre o mundo, uma primeira atribuição de sentido ao mundo, na qual a
afetividade e a imaginação exercem grande papel. Sua função principal não é
propriamente a de explicar a realidade, mas a de adaptar psicologicamente o homem
ao mundo.
O mito primitivo é sempre um
mito coletivo. O grupo, cuja sobrevivência precisa ser assegurada, existe antes
do indivíduo. É só através do grupo que os sujeitos individuais se reconhecem
enquanto tal. O indivíduo só tem consciência, só se conhece como parte do
grupo, da tribo. Através da existência e do reconhecimento dos outros, ele se
afirma enquanto ser humano.
Porém, ao opor a razão ao
mito, o positivismo empobrece a realidade humana. O homem moderno, tanto quanto
o antigo, não é constituído só de razão, mas também de afetividade e emoção. Se
a ciência é importante e necessária à nossa construção de mundo, por outro lado
ela não oferece a única interpretação válida do real.
Negar o mito é negar uma das
formas fundamentais da existência humana. O mito é a primeira forma de dar
significado ao mundo: fundamentada no anseio de segurança, a imaginação cria
histórias que nos tranquilizam, que são exemplares e nos orientam no dia-a-dia.
Encontrado em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/mitologia-uma-das-formas-que-o-homem-encontrou-para-explicar-o-mundo.htm
Acesso: 24/05/2021
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